sábado, abril 29, 2006

PROGRESSO DA ILUSÃO

A força da palavra que anima, instrui, alerta, revigora...
É a mesma que evangeliza.
Voz passiva, que mesmo sem nada dizer é ouvida, no ativo sentido da justiça que grita.
Palavras ditas que levam verdades, coerências, sentidos nítidos na altivez perfeita da luta, justa.
A Amazônia grita, nas matas tenras que caem, no verde belo que de nós se esvaem.
A máquina fere o tronco, derruba a vida, mata a esperança.
O progresso “próspero” se amplia na visão cega do capitalismo.
Enquanto o pobre prospera a camada de marginalizados.
Êxodo Rural! Êxito perfeito do tal progresso desenfreado que rouba, devora e mata tantos sonhos.
A platéia mínima se desnuda de pudores.
E de um jeito indecente, veste-se com a moda ignorante do “lucro” que mutila populações.
A pacata e pitoresca Santarém, antes, ladeada de lindas matas...
Hoje, mostra a aridez de uma paisagem, mórbida, esquecida ...Derrubada...Vendida.
É o retrato natural dos agros-progressos, sem dimensões.
Que trazem “desenvolvimento”...
Trazem também o pequeno homem do campo.Que desce a ladeira sorrindo...
Incha a cidade...
E é pego chorando na porta da delegacia.
Vira manchetes nas páginas policiais.
Aplausos!
É o primeiro ato da peça encenada no teatro da devastação.
A terra que um dia ele plantou, germinou sua comida.
Hoje tá lá, despida, sem árvores... Sem vida.
Na cidade o pobre agricultor, retira as vendas do olhar e sem horizonte enxerga a realidade sem perspectivas.
Sem eira nem beira, sem macaxeira, abacaxi, murici...
O homem sente a fome torturar sua ilusão...
Tudo está perdido.
Perdeu seu chão, o dinheiro acabou, a fome apertou.
Sem comida, sem pão, o cidadão virou ladrão.
Então se vê aumentar o PROGRESSO das estatísticas das prisões.
A fé se junta, solidariza-se, tenta buscar uma saída.
O homem despe-se de sua batina e veste-se com a dor e o lamento desse povo triste,
desse verde que significa vida!
O homem pequeno, tem voz branda a gritar, mesmo sem nada dizer.
O homem “grande” chega com sua voz timbrada na destruição, no progresso de ILUSÃO.
Tenta calar, oprimir, omitir verdades conscientes de valores humanos.
Mas a voz calma, serena, ecoa mais forte,
eleva-se, sobressai.
Tornando-se o eco real.
Muitas vezes escondido no peito de tantos e tantas,
Que se acovardam por detrás desse capitalismo bandido.
Socorro Carvalho

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