Se ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi outra esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi outra esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca, dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico,pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja marfim...
E as lágrimas as vê brotar dentro da calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca
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