quarta-feira, dezembro 23, 2009

CO-SUMINDO


É Natal! Mais um Cristo natimorto.
Abro a janela do tempo e vejo, pela Rua do Espaço Perdido, um bando de gente.
Estão numa doida corrida atrás de uma esteira de consumo,
com um monte de besteiras como insumo
do seu vazio, da sua passividade, do seu medo.

Uma massa sofrida.

Em torno, o motor mega-industrial desse cenário consumista,
alicerçado no cálculo capitalista da renda, do lucro, da mais valia.
Através da propaganda, que manda e desmanda, na maior hipocrisia.

As classes mais graduadas parecem um bebê vitaminado,
gordo, insaciável, que deve ficar deitado,
consumindo, rindo, dormindo.
Bilu, bilu! Que belezinha! Não é tão lindo?!

E tudo se transforma em objeto de comércio:
família, igreja, política, ciências, técnica, instrução.
E o must da moda é manipulado, pra que todos ajam como gado.
Gado marcado. Gado tocado.
E criam-se sempre mais milhares de necessidades artificiais.
A massa, então, se angustia, tem medo, se deprime.
Busca compensação na gula, no shopping, na fuga e no crime.

Ah! Quanta ilusão de se achar feliz, dissolvendo-se por dentro,
destruindo-se pelo tédio abestalhado da massificação,
apodrecendo-se pela raiz.
Ah! Quanta ânsia de preencher o vazio da falta de sentido de suas vidas,
Perdidas, sofridas, tangidas.


Pobre boiada abatida...

Em vez de luz, mais luz, cobiça.
Do fútil e do inútil, a mil.
Orgulhosos da liberdade de terem que consumir ilimitadamente.
(Como se mente, mente, mente... Inclementemente.)
E o consumo do trabalho e o emprego para o consumo
já se tornaram até o sumo da própria existência humana.
(Como se engana, como se encana, como se mata nessa visão sacana!)

Mas atenção maço de gente!
Em oferta, no híper-mercado da ilusão,
um super-negócio na maior liquidação do século: Compre agora a sua morte e pague a vida com centenas de cadáveres, em suaves prestações.
E de lambuja, leve um esquife anatômico.
É que este caixão natalino, bobo bebê, mamando pesadelos,
é o teu próprio berço.

Dorme em paz!

Fecho a janela do espaço e pego a Rua do Tempo de Lá,
na qual o ser ainda é autêntico,
sem querer ter um monte de coisas para parecer o que nunca foi.

Nem jamais será.

Arno Rochol Dez. 85 / Retr.98

Queridos/as amigas/os! Me propus não escrever mais mensagens impessoais/grupais. Fraquejei. Me perdoem. Mas creio que nossas/os filhas/os, seus/suas filhas/os, merecem. Um mundo melhor, menos injusto e desequilibrado que o atual.


Tentemos!


Abraço,



Arno

Um comentário:

  1. Anônimo4:00 PM

    hello... hapi blogging... have a nice day! just visiting here....

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Agradeço sua visita, com breve retorno!! Seu comentário vem somar mais versos em minhas inspirações... grande abraço. Se quiser pode escrever diretamente para o meu email: socorrosantarem@gmail.com