Entrada suntuosa da Faculdade de Medicina da Universidade de S. Paulo |
Sem a necessária auto-estima, sem
respeito por nós próprios não construiremos nem uma grande e eficiente
universidade, nem uma nova sociedade, nem melhor qualidade de vida nem coisa
alguma. Desfazer de nós próprios é condenar-nos ao eterno atraso.
A moda de criar rankings, top
tens e outras classificações genéricas para vender a ideia de que isso é melhor
ou pior do que aquilo, precisa ser entendida por quem lê esse tipo de
reportagem, como a que foi publicada pela Folha de S. Paulo semana passada sobre
191 universidades brasileiras.
A estupidez
"metodológica" desse tipo de "pesquisa" chega ao cúmulo de
comparar o incomparável, como fez a Folha, aplicando parâmetros de medição à
recém-criada Universidade Federal do Oeste do Pará, idênticos aos aplicados à
USP. A UFOPA foi instituída há menos de três anos e a Universidade de São
Paulo, considerada como a melhor do continente americano fora os Estados
Unidos, foi criada em 1934, embora nem sempre idade seja sinônimo de qualidade.
E foi criada com a contribuição de intelectuais e cientistas franceses num
momento em que essa espécie inexistia da Pauliceia.
Prédio da UFOPA, recém-construído, com laboratórios e salas de aula |
A USP localiza-se no coração do
maior parque industrial da América Latina. A UFOPA é a primeira experiência de
criar uma universidade completa no interior da Amazônia. Há como aplicar a
mesma "metodologia" a estas duas instituições?
Está no site da UFOPA que
"Neste ranking, a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) aparece em
180º lugar (entre 191 universidades), o que foi motivo de publicações em
veículos de notícias do Pará, muitas delas contendo informações mal
interpretadas. É importante esclarecer que o estudo leva em consideração
critérios específicos, que melhor avaliam instituições tradicionais e com
grande número de alunos.
A UFOPA, que completará 3 anos em
novembro de 2012, possuía, no período do levantamento da Folha, um total de
1.052 estudantes. Por outro lado, as 5 primeiras colocadas – USP, UFMG, UFRJ,
UFRGS e Unicamp –, todas com mais de 50 anos de existência, possuíam, cada uma,
entre 14 mil e 65 mil alunos. A Universidade Federal do Pará (UFPA), 24ª
colocada, possui 55 anos e um corpo discente que ultrapassa os 33 mil
alunos".
Sem verificar e por isso sem
entender a "metodologia" da pesquisa da Folha, órgãos de imprensa
local caíram na armadilha. Aliás, infelizmente muitos jornalistas deixaram o
hábito profissional de averiguar a veracidade das informações, publicando
notícias erradas por ignorância ou por má vontade.
É o que se lê no site de uma
televisão de Santarém: "A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) é
uma das piores instituições de ensino do país. A avaliação das 191
universidades brasileiras – ensino público e privado – foi feita pelo jornal
Folha de São Paulo, que criou o Ranking Universitário Folha. Dos 100 pontos
distribuídos para avaliação do ensino e pesquisa das instituições, a Ufopa
recebeu 4,36 pontos".
Como se sabe, o governo passado
criou 13 novas universidades no interior do Brasil, inclusive a UFOPA. Como se
sabe também, ao contrário de Lula, o governo do professor e
"acadêmico" FHC não criou nenhuma instituição de ensino superior. Ao
realizar o seu ranking não estaria a Folha tentando disseminar a desinformação
entre seus leitores, inclusive comparando o desempenho de universidades
recém-criadas com instituições já consolidadas, com o objetivo eleitoreiro de
desfazer o trabalho do ex-metalúrgico que não teve chance de frequentar curso
superior?
A respeito da notícia publicada
em Santarém, uma pergunta: quem escreveu isso deu-se ao trabalho jornalístico
da averiguação e da análise de situações distintas? Ou apenas serviu de
ventríloquo para o jornal paulista? Aliás, desde quando jornal sabe medir
competência científica? E outra pergunta: por que a mídia do Pará e da Amazônia
em geral prefere clonar informações geradas em São Paulo e noutros lugares
distantes, em geral notícias que distorcem a realidade dos fatos sobre a
Amazônia? Por que isso acontece? Em vez de buscar a informação no lugar onde os
fatos acontecem, por que colar o que se fala da Amazônia em lugares onde a
gente amazônica é pouco amada, como se sabe? Será que o ranço de colonizados
não sai da nossa cabeça mesmo?
A UFOPA é uma instituição que
acaba de nascer. Tem o potencial de prestar os mais relevantes serviços à
Amazônia, contribuindo de forma destacada para a construção de uma nova
sociedade, inclusive uma sociedade que pense e fale melhor de si própria, com
melhor auto-estima proporcionada pelo conhecimento científico aliado ao
conhecimento tradicional de que nossa região é tão opulenta.
Quem escreveu essa notícia tão
negativa e tão deletéria deve procurar a UFOPA em busca de matricular-se num de
seus cursos. Dessa forma, suas futuras críticas terão bases mais convincentes
porque alicerçadas no conhecimento e na honestidade científica e profissional.
Sem a necessária auto-estima, sem
respeito por nós próprios não construiremos nem uma grande e eficiente
universidade, nem uma nova sociedade, nem melhor qualidade de vida nem coisa
alguma. Desfazer de nós próprios é condenar-nos ao eterno atraso.
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