"Fausto", obra-prima do escritor alemão Johann
Wolfgang von Goethe, publicada em 1808, não é um livro fácil. O diretor russo
Aleksandr Sokurov tentou captar o ambiente de decadência moral e financeira que
permeou a Europa no século 18, onde é ambientado o livro, para criar sua versão
cinematográfica. O longa "Fausto", assim como o livro, também não é um trabalho fácil de assistir. O
filme, de 2h15 de duração, no entanto, prima por excelentes fotografia e
direção de arte, que deverão agradar a quem busca um cinema mais autoral.
No ano passado, o longa ganhou o Leão de Ouro
no Festival de Veneza e, no Brasil, encerrou a Mostra de Cinema de São Paulo.
O filme narra a história do estudioso Fausto, ávido pelos
saberes do mundo, porém desiludido com a limitação dos conhecimentos de seu
tempo. Com a promessa de ganhar dinheiro, sabedoria e a mulher que ama, Fausto
vende sua alma para Mefistófeles. Mas o demônio não é retratado como um ser
chifrudo e assustador. Ele se assemelha muito a um humano, mas é deformado
fisicamente, assexuado e com uma proeminente corcunda. Em uma das cenas mais
fortes do filme, podemos vê-lo nu, entrando em uma terma repleto de mulheres.
Nenhuma delas, no entanto, parece se incomodar com o jeito repulsivo de
Mefistófeles.
Para criar o cenário de época, o diretor e sua equipe
pesquisaram imagens em galerias de arte, além de obras de artistas plásticos
alemães, como Caspar David Friedrich (1774-1840). O resultado é um ambiente que
imediatamente remete ao espectador uma sensação de repulsa e estranhamento,
assim como na leitura de "Fausto". Ao público que está acostumado com
o cinema de Hollywood, o longa poderá ser considerado chato e cansativo. As
informações são do Jornal da Tarde.
Fonte: O Estadão
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