quinta-feira, outubro 28, 2010

O PESO DA SAUDADE...


"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."

(Clarice Lispector)

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA - GOSTO MUITO DESSA HISTÓRIA!!!

Nome: Luiz Inácio Lula da Silva
 
Data de nascimento: 27 de outubro de 1945
 
Local: Garanhuns (PE)
 
Partido: Partido dos Trabalhadores (PT)
 
Tempo de partido: Desde a fundação (1980)
 
Partidos anteriores: Nenhum
 
Formação profissional: metalúrgico
 
Presidente da República Federativa do Brasil desde 1º de janeiro de 2003. Candidato da aliança PT, PL, PCdoB, PCB e PMN, foi eleito no segundo turno em 27 de outubro de 2002 com 61,2% dos votos válidos, 52,79 milhões de votos.

 
DADOS BIOGRÁFICOS


Luiz Inácio Lula da Silva nasceu em 27 de outubro de 1945 no então distrito de Caetés, município de Garanhuns, interior de Pernambuco. É o sétimo dos oito filhos de Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira de Mello, carinhosamente chamada de “dona Lindu”.

Em dezembro de 1952, dona Lindu, juntamente com os filhos, migrou para o litoral paulista viajando 13 dias num caminhão "pau-de-arara". Foram morar em Vicente de Carvalho, bairro pobre do Guarujá. Lula foi alfabetizado no Grupo Escolar Marcílio Dias e completou o ensino fundamental. Em 1956, mudaram-se para São Paulo e foram morar em único cômodo, nos fundos de um bar, no bairro do Ipiranga.

Aos 12 anos de idade, Lula conseguiu o primeiro emprego, em uma tinturaria. Depois, foi engraxate e “office-boy”. Com 14 anos, começou a trabalhar nos Armazéns Gerais Columbia, onde teve a carteira de trabalho assinada pela primeira vez. Transferiu-se mais tarde para a Fábrica de Parafusos Marte e conseguiu vaga no curso de torneiro mecânico do Senai – Serviço Nacional da Indústria. Os estudos duraram três anos e Lula tornou-se metalúrgico.

A crise após o golpe militar de 1964 levou Lula a mudar de emprego passando por várias fábricas até ingressar nas Indústrias Villares, uma das principais metalúrgicas do País, localizada em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Trabalhando na Villares, Lula começou a ter contato com o movimento sindical através de seu irmão José Ferreira da Silva, mais conhecido por “Frei Chico”.

Em 1969, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema fez eleição para escolher a nova diretoria e Lula foi eleito suplente. Na eleição seguinte, em 1972, tornou-se primeiro-secretário. Em 1975, foi eleito presidente do sindicato com 92% dos votos e aí já representava 100 mil trabalhadores.

Lula deu novo rumo ao movimento sindical brasileiro. Em 1978, foi reeleito presidente do sindicato (98% dos votos) e, após 10 anos sem greves operárias – em razão do regime opressivo em vigor –, ocorreram no País as primeiras paralisações. Em março de 1979, 170 mil metalúrgicos pararam o ABC paulista. O carismático dirigente liderou então memoráveis assembléias no estádio de vila Euclides, cujos participantes não se intimidaram diante do aparato policial.

A repressão ao movimento grevista e a quase inexistência de políticos que representassem os interesses dos trabalhadores no Congresso Nacional fez com que Lula pensasse pela primeira vez em criar um partido de trabalhadores.

Por essa época, o Brasil já vivia processo de abertura política, comandada pelos militares ainda no poder. Em 10 de fevereiro de 1980, Lula fundou o Partido dos Trabalhadores (PT), juntamente com outros sindicalistas, intelectuais, políticos e representantes de movimentos sociais, como lideranças rurais e religiosas. Nesse mesmo ano, nova greve dos metalúrgicos provocou a intervenção do governo federal no Sindicato de São Bernardo e a prisão de Lula e de outros dirigentes sindicais com base na Lei de Segurança Nacional. Foram 31 dias de prisão, situação agravada pelo falecimento de sua mãe.

Lula liderou a organização do partido, que em 1982 já estava implantado em quase todo o território nacional. Disputou naquele ano o governo paulista e ficou em quarto lugar.

Em agosto de 1983, fez parte do grupo fundador da CUT – Central Única dos Trabalhadores. Em 1984, participou, como uma das principais lideranças, da campanha das "Diretas-Já", que reivindicava a escolha direta do Presidente da República. Em 1986, foi eleito o deputado federal mais votado do País para a Assembléia Nacional Constituinte, com 650.134 votos.

O PT lançou Lula para disputar a Presidência da República em 1989, após 29 anos sem eleição direta para o cargo. Perdeu a disputa, no segundo turno, por pequena diferença de votos, mas dois anos depois liderou mobilização nacional contra a corrupção, que desembocou no "impeachment" do Presidente Fernando Collor de Mello.

A chance real de vitória em 1989 animou os petistas, e Lula desembarcou na campanha seguinte, em 1994, como favorito até a metade do ano, até o lançamento do Plano Real. O partido trocou de discurso em relação ao plano econômico e precisou também trocar de candidato a vice-presidente. Aloizio Mercadante substituiu José Paulo Bisol, senador do PSB gaúcho. Em agosto, Fernando Henrique Cardoso já ultrapassava Lula nas pesquisas. O tucano venceu no primeiro turno.

Surgiu na campanha de 1994 uma das comparações biográficas que mais enfureceram Lula. Em evento de que participava Ruth Cardoso, a empresária de teatro Ruth Escobar anunciou que os brasileiros teriam duas opções: "Votar em Sartre ou escolher um encanador". No bunker petista em São Paulo, para aliviar o clima, falava-se em injustiça não só com os encanadores, mas com o escritor francês Jean Paul Sartre. Lula não riu. Nos comícios seguintes, lançaria torpedos que continuariam ecoando dez anos depois, já na Presidência da República:

"A elite sabe que sou um vencedor. Uma criança nordestina que não morreu de fome até os cinco anos já venceu na vida. Um nordestino que desembarcou de um pau-de-arara, fugindo da seca, e não virou marginal é um vencedor. No meu governo, um filho de encanador vai disputar vaga na universidade com o filho de uma empresária de teatro como a senhora Ruth Escobar."

Em 1998, Lula voltou a se candidatar a presidente da República e foi derrotado novamente por Fernando Henrique Cardoso, que capitalizou o receio de mudança de boa parte do eleitorado, tendo estreado a novidade da reeleição que fora aprovada pelo Congresso no mesmo ano.

A partir de 1992, Lula atuou como conselheiro do Instituto Cidadania, organização não-governamental, criada após a experiência do Governo Paralelo, voltada para estudos, pesquisas, debates, publicações e principalmente formulação de propostas de políticas públicas nacionais, bem como promoção de campanhas de mobilização da sociedade civil rumo à conquista dos direitos de cidadania para todo o povo brasileiro.


Na última semana de junho de 2002, a Convenção Nacional do PT aprovou a formação de ampla aliança política (PT, PL, PC do B, PCB e PMN), que elaborou programa de governo para resgatar as dívidas sociais fundamentais que o Brasil tem com a grande maioria do seu povo. A abertura do leque de alianças para o PL, atraiu o voto dos empresários e dos evangélicos. Embalado por uma campanha eficiente na TV que explorava a imagem do "Lulinha paz e amor", o petista manteve-se na dianteira nas pesquisas. O candidato a Vice-Presidente na chapa foi o senador José Alencar, do PL de Minas Gerais. Em 27 de outubro de 2002, aos 57 anos de idade, com quase 53 milhões de votos, Luiz Inácio Lula da Silva é eleito Presidente da República Federativa do Brasil vencendo José Serra (PSDB) no segundo turno por uma diferença superior a 19 milhões de votos.

Após a posse, o Presidente Lula e sua equipe de governo deram início a uma série de transformações estruturais que encaminharam o País para encontrar-se com seu promissor destino.

Apesar da reduzida instrução formal, ele foi distinguido com vários títulos de doutor “Honoris Causa” por renomadas universidades norte-americanas e européias.

Lula é casado desde 1974 com Marisa Letícia e tem cinco filhos.

OS DISCURSOS DE LULA

No primeiro discurso como presidente eleito, antes da posse, Lula privilegiou o tema do combate à fome. Três anos e meio depois, em 17 de maio de 2006, uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que eram precisas até as projeções de Lula, de dezenas de milhões de vítimas da falta de comida suficiente.

Em 2004, somando-se as pessoas com insegurança alimentar grave (as que passaram fome) e moderada (as que ficaram preocupadas em não ter alimentos), chegava-se a um contingente de 39,5 milhões de brasileiros. A história da mãe, Eurídice, e dos irmãos do presidente viajando do Nordeste para o litoral paulista, em 1952, abastecidos apenas com água, farinha e rapadura, é conhecida. Nas centenas de comícios e passeatas que fez em quatro campanhas presidenciais, em zonas urbanas e rurais, Lula era capaz de identificar crianças famintas sem necessidade de perguntas.


A história de vida do metalúrgico e sindicalista que se elegeu presidente o separa dos antecessores e possivelmente dos sucessores. Essa clivagem reflete-se nos discursos, em especial nos improvisados. Em 3 de abril deste ano, na troca de ministros em preparação à campanha eleitoral, o presidente falou sobre pescadores e estádios de futebol. Em 5 de maio, no auge da crise com a Bolívia, aproveitou a inauguração de uma linha turística de trem em Ouro Preto para revelar seus conhecimentos de cachaça mineira e citou as infidelidades conjugais de dom Pedro 1º. Na fala de Lula, esses temas ausentes nos discursos de José Sarney, Itamar Franco ou FHC surgem naturalmente, e estabelecem com a população laços que as denúncias e as ameaças de impeachment não conseguiram quebrar até agora.

Na campanha até outubro, o candidato vai reforçar sua biografia com realizações de governo como o crescimento das exportações e do crédito para a população de baixa renda, a queda no risco Brasil, a diminuição do desemprego e da miséria, o aumento real do salário mínimo, as bolsas para estudantes carentes em universidades privadas. Lula tem quatro campanhas presidenciais de experiência em debates e décadas de negociação dura com os oponentes. Para os fugitivos da seca, as adversidades sempre estiveram por todos os lados, no chão estéril e no céu sem nuvens.






MINHA ESCOLHA PODE FAZER DIFERENÇA?


Mesmo quem diz detestar política, a vive diariamente. Não há escapatória. Desde as relações que estabelecemos com nossos vizinhos e parentes até os contatos cotidianos com nossos colegas de faculdade e trabalho, todas as relações são atos políticos. Na realidade prática, a maioria das pessoas com quem nos relacionamos não são pessoas que nós "escolhemos" para estar ao nosso lado, mas sim gente que veio "de brinde" por conta de nossas escolhas. Um namorado traz consigo, no pacote, amigos e parentes. Um amigo tem ou terá um relacionamento íntimo, e será preciso lidar com a inserção desta nova pessoa em algum momento. E, em todos estes casos, jamais concordaremos com tudo o que os outros pensam, assim como dificilmente discordaremos de tudo. A pessoa que se comporta com intransigência em relação às próprias ideias está fadada à solidão. Afinal, o ato político é um ato de diálogo, ainda que com pessoas cujas ideias não estejamos inteiramente de acordo.

O oposto da democracia é a intransigência, o autoritarismo. Por ter maior força física ou por ter melhores condições financeiras, alguém pode se achar no direito de comandar os outros, sem diálogo ou acordos. E esta não é a lei política, é a lei da selva, em que vencerá sempre o mais forte.

No campo democrático, é preciso dialogar e estar preparado para não concordar com tudo e abrir concessões. Em ano de eleições, nos é dada a possibilidade de fazer escolhas entre este ou aquele candidato, este ou aquele partido, que irá governar nosso país durante quatro anos. Você pode até detestar política, mas não tem como negar que se você não fizer uma escolha, a farão em seu nome. Não gostar de política não te insere num mundo à parte. Você continua a fazer parte do mesmo mundo governado pelas escolhas que os outros fizeram. Deste modo, é melhor escolher do que se evadir. Mesmo que sua escolha não seja a vencedora, você tentou.

Alguns equívocos são extremamente comuns em anos de eleições. Apresento aqui os mais comuns, e como evitá-los:

É impossível encontrar um candidato ou partido que tenha propostas com as quais você concorde integralmente. A escolha, então, precisa ser feita de acordo com o candidato ou partido que mais se aproxima das suas prioridades.

É um erro enorme votar em alguém ou deixar de votar por conta de questões subjetivas, do tipo "não vou com a cara dele(a)". Eleições não são um reality show, em que escolhemos a pessoa que nos é mais simpática. Para saber quem é a pessoa certa, é preciso avaliar quais são as suas propostas para o futuro. Você poderá se chocar ao descobrir que tem afinidade de pensamento com um político que antes antipatizava.

Para avaliar bem e escolher direito, não se limite a uma única publicação da mídia ou a um único canal de TV. Publicações tomam partido por este ou aquele candidato, geralmente "puxando brasa pra sardinha" do candidato que eles escolheram. Deste modo, não é muito justo votar em alguém só por conta das coisas que você leu na revista X ou Y. Leia várias, compare. Você descobrirá que uma mesma notícia será apresentada de modos totalmente distintos em mídias diferentes. Caberá a você avaliar o que vê e decidir por si. Mas se você lê apenas uma revista ou assiste apenas a um canal de TV, provavelmente fará uma escolha a partir de dados equivocados.

Michel Foucault, um dos filósofos que mais aprecio por conta de seu profundo senso de realidade, insistia no fato de que as escolhas raramente envolvem um caminho melhor e um caminho pior. Em geral, são escolhas entre perigos. Deste modo, não incorra no erro de votar em alguém mantendo enorme esperança. Desapontar-se, no processo político, é tão comum quanto acreditar cegamente naquele amigo ou namorado que um dia comete um erro. Além disso, tente não agir com tanta impiedade em relação aos erros alheios. Políticos também erram. E, apesar de ouvirmos constantemente que "todo político é ladrão" e coisas do gênero, isso não é verdade. É preconceito. O problema é que, quando ocupamos cargos de poder, o mundo está de olho na gente, e nossos erros são amplificados pela mídia. Nunca julgue um candidato a partir do que ele foi acusado. Entre ser acusado de algo e ser culpado, há um oceano de distância.

Sobretudo, faça uma leitura crítica do que te enviam por e-mail. Cheque a fonte, verifique se a informação é verdadeira, antes de repassar. Isso, inclusive, vale não apenas para a política - vale para praticamente tudo! Não se repassa uma informação sem antes verificar se ela é idônea. Caso a informação seja falsa, você estará ajudando a propagar mentiras.

Acerca da corrupção, este é de fato um problema muito grande não apenas na política brasileira, mas na de vários outros países. Cabe à Justiça avaliar e julgar tais casos. Mas cabe também a nós fazermos a devida autoavaliação: cobramos retidão moral de nossos políticos. Mas somos nós mesmos tão corretos assim? Avalie:

Você segue as leis do trânsito?

Você faz download de músicas e livros sem pagar os direitos do autor?

Você usa carteira de estudante falsa?

Você joga lixo no chão da rua?

Eu poderia fazer diversas outras perguntas, mas creio que cada pessoa sabe perfeitamente quando realiza algo que está ou não correto, de acordo com as leis vigentes. Se você não se comporta de modo cidadão, como pode cobrar que seus governantes sejam melhores do que você?

Por fim, esteja ciente de que o ato político é uma militância intensa e constante. Não é suficiente votar e depois "largar de mão", como se você não tivesse responsabilidades no processo. Quem resolve um país não é apenas o Estado, mas todos os seus cidadãos. E, acredite: se você não se interessa pelas questões públicas, mesmo assim elas governarão você! Ignorar a política é tornar-se vítima da escolha alheia. Não se permita a isso. Atue!


Alexey Dodsworth
Graduado em Filosofia