sexta-feira, março 11, 2011

ESSSA SAUDADE

Tenho andando distante de você...
O tempo, o trabalho, a vida, os compromissos...
Enfim um monte de coisas tem me distanciado de nós.
De longe, apenas um sorriso tímido, um olhar apressado ou coisa assim, e assim vamos seguindo e vivendo nossa história, superando com coisas e momentos diferentes nossa ausência.
Mesmo assim, de repente, sinto sua falta.
Falta de nós dois... Juntos.
Juntos de pele na pele, mãos nas mãos, boca na boca, corpo no corpo e etc...
E essa falta me remete a uma deliciosa saudade.
Uma saudade que faz meu coração mais doce e minha inspiração mais aguçada.
Pois dentro dessa saudade posso encontrar você  presente em meus pensamentos.
Isso é o bom da saudade...
Ela mantém viva dentro de nós a presença das pessoas que nos são especiais...
Também, alimenta o amor e  aproxima  ainda mais nossos corações.
A simplicidade de um gesto, a delicadeza de um toque, a sutileza de um  sorriso escondido, nos chama e nos aproxima...
Ah, como é bom sentir você, assim tão certo  e tão sereno.
E tão dentro do meu coração.
Não me esqueci de você... Ainda te amo... Muito.

Agora tenho de ir, até mais


Socorro Carvalho

A INTANGÍVEL BELEZA

Saiu da mão direita de Deus e é contemporânea do Gênesis.
Seus curvos braços, feitos para fecharem-se,
ainda estão imóveis, em golfo abertos,
friamente, diante de todas as águas,


com seus peixes, suas ondas, seu sal cheio de música.
Apenas os estremece, às vezes, um ritmo de fuga ante o esplendor do fogo próximo.
Compõem sua boca as curvas do infinito e a luz,
e habitam seus olhos de maio e de distância


os vocábulos de oculto país, verdes, esveltos e evasivos.
O romper do dia espera o alvorecer dos seus pés no chão,
caem as noites e murcham os corações ao esmorecer de suas pálpebras,
e as tardes refugiam-se em seus cabelos de crepúsculo.


Seu ser interior e corporal é a linfa de uma fonte ausente:
pensá-lo é escalar o vértice, regressar às origens,
ver a poesia nascendo e projetando no mundo o seu mistério.
Que gesto apartará as colunas e separará terras e águas?


Que tacto se delumbrará nos brancos astros?
Que lábio incendiará a ânfora no abismo?
(Do ninho de suas mãos obscuros pássaros cantam:
sua beleza é uma ilha de nenhum mar.)


Abgar Renault (1901 ? 1995)