quinta-feira, fevereiro 16, 2012

TRAZE-ME


Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.
Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.
Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
-Vê que nem te digo - esperança!
-Vê que nem sequer sonho - amor!

(Cecília Meireles)

FILME SOBRE BELO MONTE É EXIBIDO AO PÚBLICO DO FESTIVAL DE CINEMA DE BERLIM


Paralelamente à Berlinale, documentarista alemão Martin Kessler mostra o que está acontecendo no canteiro de obras da usina Belo Monte. Diretor traz à plateia europeia a polêmica sobre o projeto brasileiro.
É para o público internacional fixado em cinema, com engajamento político e super cool que o documentarista alemão Martin Kessler quer mostrar um problema bem brasileiro: a construção da usina Belo Monte. Ele apresenta nesta quinta-feira (16/02), às margens do festival de cinema de Berlim, uma reportagem especial que fará parte do documentário Count-Down no Xingu parte 2.
As imagens foram feitas no mês passado em cidades às margens do rio Xingu, onde a usina está sendo construída. A corrida agora é para editar a melhor parte do material a tempo de apresentá-lo para a plateia em Berlim.
Mas o que motiva Kessler a trazer para a Alemanha essa discussão em terras tão distantes? "Nós temos tudo a ver com essa questão", resumiu Kessler, lembrando que há participação alemã na construção da polêmica usina hidrelétrica. "Filmamos as centenas de caminhões da Mercedes Benz que vão transportar a terra que está sendo retirada para construir Belo Monte. E também Siemens e Voith fazem parte da joint venture que irá fornecer as turbinas", argumentou.
O que era, como está
Um ano após ter filmado a primeira parte de Count-Down no Xingu, o documentarista alemão encontrou um cenário bem diferente na cidade de Altamira, no Pará, e região. Congestionamentos, muita gente pelas ruas, construção por todos os lados, infraestrutura visivelmente sobrecarregada; descreve Martin Kessler.
Sheila Juruna Machado, uma das líderes da resistência indígena, contou que o movimento enfraqueceu. "Ela disse em depoimento que a Norte Energia e instituições do governo prometeram muito aos indígenas: dinheiro, cestas básica, combustível. Pode-se dizer que os indígenas foram comprados", detalhou Kessler parte do material filmado no Pará.
Depois de três semanas no Brasil, Kessler voltou à Alemanha com imagens "impressionantes para um público alemão": as obras da construção do canal, as escavações para desviar o curso do Xingu – "uma movimentação de terra maior do que a realizada para a abertura do Canal do Panamá".
Também foram entrevistados idealizadores do Movimento Gota D´Água, que contou com participação de atores globais famosos num vídeo de alerta sobre as polêmicas em torno de Belo Monte. "É impressionante que eles tenham conseguido reunir mais de um milhão de assinaturas com essa campanha contra a construção da usina", comentou Kessler.
Mea Culpa
A versão do documentário feita para o evento em Berlim será exibida no Babylon, sala de cinema no centro da cidade. Paralelamente ao trabalho de edição, Kessler quer atrair o público do festival a assistir sua reportagem feita no Brasil: um convite especial será feito aos espectadores do longa Xingu, do diretor Cao Hamburger, dentro da programação Panorama, exibido um dia antes.
A expectativa do documentarista alemão é provocar o engajamento do público, conhecido também por seu senso crítico aguçado. "Como uma nação orientada para a exportação, precisamos analisar o que produzimos. Somos de fato ecologicamente corretos ou também provocamos destruição no meio ambiente?", questiona Kessler.
Ele lembra que muitas empresas, como fabricantes de carros, usam a matéria-prima produzida em unidades que serão abastecidas por Belo Monte, como siderúrgicas da região Norte e Nordeste do Brasil. "O alumínio usado para fabricar um carro pode ser produzido a custo de destruição na Amazônia, da expulsão dos índios de suas terras", diz Kessler sobre o envolvimento alemão com o debate brasileiro.
Para o documentarista, a Alemanha, com seu plano energético baseado em energias renováveis, precisa olhar criticamente para seus fornecedores e cobrar deles também atividades igualmente sustentáveis. "O protesto e oposição no Brasil precisa de apoio internacional. Sozinhos, eles não conseguirão lutar contra esses poderosos: as empresas envolvidas e o governo."
 Autora: Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Site da DW


O TAXISTA...


Há vinte anos, eu ganhava a vida como motorista de táxi. Encontrei pessoas cujas vidas surpreenderam-me, enobreceram-me, fizeram-me rir e chorar.
Nenhuma tocou-me mais do que a de uma velhinha que eu peguei tarde da noite.
Era agosto.
Eu havia recebido uma chamada de um pequeno prédio de tijolinhos de quatro andares, em uma rua tranqüila de um subúrbio da cidade.
Quando eu cheguei às 02.30 horas da madrugada, o prédio estava escuro, com exceção de uma única lâmpada acesa numa janela do térreo. Assim fui até a porta e bati. "Um minuto", respondeu uma voz débil e idosa.
Uma octogenária pequenina apareceu. Ao seu lado havia uma pequena valise de nylon.
Toda sua mobília estava coberta por lençóis. Não havia relógios, roupas ou utensílios sobre os móveis.
Eu peguei a mala e caminhei vagarosamente para o meio-fio, ela ficou agradecendo minha ajuda.
Quando embarcamos, ela deu-me o endereço e pediu:
- O Sr poderia ir pelo centro da cidade?
- Não é o trajeto mais curto - alertei-a prontamente.
- Eu não me importo. Não estou com pressa, pois meu destino é um asilo de velhos. Eu olhei pelo retrovisor. Os olhos da velhinha estavam marejados, brilhando.
- Eu não tenho mais família - continuou - O médico diz que tenho pouco tempo.

Eu disfarçadamente desliguei o taxímetro e perguntei:
- Qual o caminho que a Sra. deseja que eu tome?
Nas duas horas seguintes circulamos pela cidade.
Ela mostrou-me o edifício que havia, em certa ocasião, trabalhado como ascensorista.
Nós passamos pelas cercanias em que ela e o esposo tinham vivido como recém casados em outros tempos, hoje um depósito de móveis, que havia sido um grande salão de dança que ela freqüentara quando mocinha.
De vez em quando, pedia-me para dirigir vagarosamente em frente a um edifício ou esquina - ficava então com os olhos fixos na escuridão, sem dizer nada.Quando o primeiro raio de sol surgiu no horizonte, ela disse de repente:
- Eu estou cansada. Vamos agora!
Viajamos, então, em silêncio, para o endereço que ela havia me dado.
Chegamos a uma casa de repouso. Dois atendentes caminharam até o taxi, assim que ele parou.
Eu abri a mala do carro e levei a pequena valise para a porta.
A senhora já estava sentada em uma cadeira de rodas.
- Quanto lhe devo? - ela perguntou, pegando a bolsa.
- Nada - respondi.
- Você tem que ganhar a vida, meu jovem.
- Há outros passageiros - respondi.
Quase sem pensar, eu curvei-me e dei-lhe um abraço. Ela me envolveu comovidamente.
- Você deu a esta velhinha bons momentos de alegria.
- Obrigado.
Apertei sua mão e caminhei no lusco-fusco da alvorada. Atrás de mim uma porta foi fechada.

Ao relembrar, não creio que eu jamais tenha feito algo mais importante na minha vida.
Nós estamos condicionados a pensar que nossas vidas giram em torno de grandes momentos.
Todavia, os grandes momentos freqüentemente nos pegam desprevenidos e ficam maravilhosamente guardados em recantos que os outros podem considerar sem importância.

"AS PESSOAS PODEM NÃO SE LEMBRAR EXATAMENTE O QUE VOCÊ FEZ, OU O QUE VOCÊ DISSE MAS ELAS SEMPRE LEMBRARÃO DE COMO VOCÊ AS FEZ SENTIR"


Fonte: Otimismo em Rede

CAMPANHA: PRECISAMOS DO ABARÉ


SAÚDE DOS RIBEIRINHOS PODE SER PREJUDICADA COM A SAÍDA DO ABARÉ DE SANTARÉM


Fundação Terre des Hommes, proprietária do Barco Abaré I, anuncia retirada da embarcação do atendimento às comunidades carentes do rio Tapajós

O Barco Abaré,  construído pela Terres des Hommes  -  TDH, operava  em regime de comodato com as Prefeituras da região e o PSA na forma de um arranjo público-privado para desenvolver um modelo de atendimento adaptado à realidade ribeirinha da Amazônia.

Foi graças ao Abaré, que a  partir de 2006, mais de 15 mil ribeirinhos passaram a ter acesso regular aos serviços básicos de saúde, com a realização de mais de 20 mil procedimentos clínicos por ano, melhorando significativamente as condições de saúde da população que antes sofria com a  falta de atendimento adequado. O barco, que teve seu nome escolhido pelas comunidades e que em tupi significa “o amigo cuidador”, pode não mais atender à essa população que o acolheu.


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A VIDA...


Viver plenamente é experimentar cada instante como se fosse o único e extrair de cada experiência, gotas de sabedoria e conhecimento para regar as experiências seguintes. É preciso aguçar os sentidos e os sentimentos, filtrar as paixões, fortalecer a razão e definir metas interiores e exteriores. A vida é um Dom supremo e como todo Dom deve ser colocada a serviço do Bem e da Justiça.

Lucineide Pinheiro
Escritora santarena

Foto: Ilda Araújo