Eles seduzem, mas não devem ser
confundidos com cafajestes carentes
Virou moda falar mal dos homens que têm muitas
parceiras. Num mundo em que a opinião das mulheres é cada vez mais importante,
o sujeito comedor, galinha, cafajeste e sem vergonha tornou-se uma espécie de
inimigo público número 1. É o tipo de homem que as mulheres não desejam para a
sua amiga, odiariam ver ao lado da filha, mas, quem sabe, talvez ficasse bem no
sofá da sua própria sala, ou naquela mesa firme da cozinha... Mas, bem, eu
estou me adiantando.
O que eu queria dizer, primeiro,
é que esse julgamento severo contra os sedutores esconde moralismo raso e uma
forma utilitária de ver o mundo.
Qual o problema com o sujeito que
se relaciona com várias mulheres e não se fixa em nenhuma delas? Não existe lei
ou código de ética que obrigue o sujeito a namorar, casar e montar família se
ele não se sente inclinado a isso. É uma questão de estilo de vida e de escolha
pessoal. Há quem goste de viver acasalado, há quem goste de ser livre. Isso não
deveria ser material de debate ou julgamento. É um direito elementar.
Mas a recusa masculina em se
domesticar, sobretudo se parte de homens atraentes, desperta reações emocionais
violentas. Coletivamente, a solteirice deles é vista como um desperdício social
e genético. Como um cara desses se recusa a ser o meu príncipe encantado?
Pessoalmente, algumas mulheres ficam ofendidas porque o sujeito seduz e
envolve, mas não se deixa envolver e seduzir na mesma proporção. A recusa dele
magoa e faz sofrer as mulheres que ele conquista – e isso tornaria o sedutor
uma espécie de criminoso emocional. No mínimo, um predador de moças incautas.
Será?
Mesmo com boa vontade em relação
às mulheres, não consigo vê-las como vítimas nessa situação.