domingo, fevereiro 23, 2014

ÊXTASE E ENTREGA


Gosto de decifrar os teus olhos
e de somar tuas palavras
com as melodias que conheço.
Gosto de deitar os meus sonhos
em teu ombro
e deixar que meus cabelos
molhem teu peito,
secando meus temores.
Gosto quando tuas mãos
seguram meus desejos
fazendo tremer de êxtase
minha liberta alegria.
Gosto de me ver em ti,
atordoada e inteira.
Gosto daquilo que tens
e do que não tens,
porque recebo à tua maneira.
Gosto de te ver ao meu lado,
pouco a pouco em minha vida.
Gosto de te ver desarmado.
Eu estou rendida.


Cecília Egreja

O TEMPO E O AMOR...



Um dia meus olhos encontraram os seus. Como mágica,  a sutileza do  seu  olhar encadeou-me  os sentidos. Desde então, tudo se transformou dentro do meu ser.


Como duas crianças inconsequentes perdemo-nos, num mundo fictício e de faz de conta. Na busca de respostas e justificativas inexistentes, aos poucos, fomos embarcando na fantasia e na essência daquele sentimento tão meigo e inocente. O importante, entre nós, era apenas a companhia. O sorriso bonito. O encontro casual. O cheiro no ar. O doce segredo, guardado em nossos olhos, tão cheios de nós dois.


Era você. O ser mais estranho. A incompreensão mais louca  que minha compreensão pôde entender. O enigma mais extasiante. A ignorância mais perfeita, assim era você. Mesmo, sem entender direito, meus lábios tocaram os seus, disparando um desejo quase irresistível. Nossas bocas se encaixaram como um encontro já premeditado, pelo destino. Encontro bom. Paisagem bonita.  E de repente, nosso beijo foi mágico, feito um fim de tarde quando o sol vai se pondo,  beijando  a noite.


Em meio a um universo de olhares, seus olhos como o crepúsculo fascinaram meu jeito arteiro de poetizar. Você, um surpreendente menino  e eu menina levada, a bolinar seus ímpetos mais íntimos. Enquanto o verso agasalhava-se na volúpia dos seus braços, na carícia louca de suas mãos excitantes, num leve tocar.


 Em sua moldagem rústica, gestos sutis, conquistaram a doçura dos meus versos e no  agasalho de seus braços fortes, repousei  minha poesia mais singela.  E de repente, a paixão dava lugar a um novo sentir e em meu peito um constante frenesi. Coração apressado. Palavras tímidas, carinhos retidos e uma leve vontade de fugir da armadilha do sentir. Porém, todas as tentativas se perderam e minha luta  fez-se um desespero... E quando me dei conta, você era meu mais maravilhoso devaneio. Era o amor subtendido em cada palavra, em cada verso, poema. Num instante, metáforas prescreveram-me  um sentimento único, verdadeiro, inesquecível, indescritível.

Era o amor ocupando cada espaço do meu peito...


Socorro Carvalho