Um
dia meus olhos encontraram os seus. Como mágica, a sutileza do
seu olhar encadeou-me os sentidos. Desde então, tudo se transformou
dentro do meu ser.
Como
duas crianças inconsequentes perdemo-nos, num mundo fictício e de faz de conta.
Na busca de respostas e justificativas inexistentes, aos poucos, fomos
embarcando na fantasia e na essência daquele sentimento tão meigo e inocente. O
importante, entre nós, era apenas a companhia. O sorriso bonito. O encontro
casual. O cheiro no ar. O doce segredo, guardado em nossos olhos, tão cheios de
nós dois.
Era
você. O ser mais estranho. A incompreensão mais louca que minha compreensão pôde entender. O enigma
mais extasiante. A ignorância mais perfeita, assim era você. Mesmo, sem
entender direito, meus lábios tocaram os seus, disparando um desejo quase
irresistível. Nossas bocas se encaixaram como um encontro já premeditado, pelo
destino. Encontro bom. Paisagem bonita. E
de repente, nosso beijo foi mágico, feito um fim de tarde quando o sol vai se
pondo, beijando a noite.
Em
meio a um universo de olhares, seus olhos como o crepúsculo fascinaram meu jeito
arteiro de poetizar. Você, um surpreendente menino e eu menina levada, a bolinar seus ímpetos
mais íntimos. Enquanto o verso agasalhava-se na volúpia dos seus braços, na
carícia louca de suas mãos excitantes, num leve tocar.
Em sua moldagem rústica, gestos sutis,
conquistaram a doçura dos meus versos e no
agasalho de seus braços fortes, repousei
minha poesia mais singela. E de
repente, a paixão dava lugar a um novo sentir e em meu peito um constante
frenesi. Coração apressado. Palavras tímidas, carinhos retidos e uma leve
vontade de fugir da armadilha do sentir. Porém,
todas as tentativas se perderam e minha luta fez-se um desespero... E quando me dei conta,
você era meu mais maravilhoso devaneio. Era o amor subtendido em cada palavra,
em cada verso, poema. Num instante, metáforas prescreveram-me um sentimento único, verdadeiro, inesquecível,
indescritível.
Era
o amor ocupando cada espaço do meu peito...
Socorro
Carvalho