É meio dia, deixo a realidade de
lado, enquanto a poesia musical faz alarde em meio a essa tarde vazia. Na “vitrola”
do computador um som de barzinho
ressoando suave, velhas canções, a encher de vida meu coração. Os pensamentos viajam e se encaixam
entre as tantas indagações e agonia, como fagulhas que se acendem de respostas de um fogo que insiste em queimar o peito e os devaneios. O que preciso?! Uma cerveja gelada, talvez? Uma brisa do Tapajós a me acariciar? Não sei. Só sei que aqui, cá
dentro do peito uma aglomeração de momentos, sentimentos. Saudade? Quem sabe?
Não sei. O olhar perdido, diverge entre
paisagens enigmáticas de velhas recordações. Quem sabe um porre neste
instante resolvesse esse suplício, sei
lá. O cansaço das convenções, padrões estilizados se alastram atrapalhando meus
passos, enquanto o som de barzinho segue
tocando, invadindo suave meus ouvidos. Paixões
de outrora passeiam como vagas ilusões em minhas doces memórias. A poesia não tem
rima. Razão, coração! Rimas da distração. Enquanto a ilusão sutura velhas cicatrizes, difícil de emendar.
E o tempo passa apressado. Músicas de outrora formam o enunciado gostoso de tantos
grandes momentos brincando de pira cola
em meus pensamentos... Uma cerveja talvez?! Penso que ia bem. A brisa do
Tapajós? O cheiro de rio a inebriar essa solidão? Pode ser a receita perfeita
para completar ou navegar em meio a essa “vagabunda” inspiração e ancorar. Pensamentos soltos se
perdem na contemplação infinda da mais perfeita imaginação. Pensamentos soltos, loucos, como
sinônimos de um rascunho, por acaso, sem prosa, sem rimas...Enquanto o tempo passa,
a vida segue, a música continua tocando
e cortando esse silêncio absurdo...
Socorro Carvalho