segunda-feira, maio 04, 2015

DOMINGO COM FITA K-7


O dia amanheceu com tempo nublado, bem propicio ao descanso e sono demorado, hoje não tem “trabalho”. Porém, mais que isso era domingo, dia de acordar tarde. Descansar e recarregar as energias. Porém, no canto do quarto vejo um monte de roupas para lavar e através da janela fico a espreitar o tempo,  enquanto  um leve chuvisco começa a cair. A máquina cheia de água me instiga a molhar a roupa na fé a espera da complacência da majestosa natureza. Sem alternativa, apesar do tempo, resolvo encarar a lavagem da roupa. 


A casa vazia, e em minha companhia apenas o rádio ligado. Numa frustrada tentativa de mudar de estação e ouvir uma FM me dei mal, tentativa vã, decepcionante, tanto que resolvi desligar o rádio. É que o ruído musical vindo dele parecia penetrar em meus ouvidos como uma agressão, tamanha era a bestialidade descrita da tal sintonia, em plena desarmonia de meus sentidos e gosto musical. Enfim, um completo disparate sem contraste ou inspiração para animar meu domingo de trabalho...


Diante disso, resolvi vasculhar no tempo algo melhor para ouvir e numa louca procura por uma boa música lembrei-me de uma boa MPB quem sabe? Pensei. Então, lá vou eu em busca da minha seleção em fita K-7. Um presente que ganhei do Jornalista alemão Arno Rochol, em uma oficina da Rede de Notícias da Amazônia em Manaus. São fitas K-7 com músicas imortais de grandes nomes, quando a arte musical era, ainda, música de verdade traduzindo grandes inspirações e significados, sem comparação a determinadas aberrações que deparamos em algumas sintonias, atualmente. Ufa!!


No toca fitas coloco a velha fita k-7 e lá vem majestosamente Buarque, Caetano, Gil, Tom, Adoniran, Milton, Djavan etc. Em cada um deles uma mensagem e um  jeito ímpar de cantar. A música ecoa como estímulo e cada peça de roupa se torna uma diversão. E entre um play e outro  sigo lavando minha roupa e o interessante sem ao menos lembrar que era um dia de domingo...  O tempo continuou indeciso enquanto continuei  trabalhando.


O domingo seguiu com suas nuances e contradições, enquanto o sol brincava de esconde esconde eu terminava de lavar a última peça de roupa, para em seguida iniciar leituras da Literatura Africana e de repente,  em cada texto me apaixono por Mia Couto ...Mas isso é outra história que conto depois.


O domingo segue e continuo ouvindo as minhas velhas  fitas K-7, em pleno domingo... Que delícia!!




Socorro Carvalho