Um antropólogo estava
estudando os usos e costumes da tribo Ubuntu e, quando terminou seu trabalho,
teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra
casa. Como tinha muito tempo ainda até o embarque, ele propôs, então, uma brincadeira
para as crianças que achou ser inofensiva.
Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, colocou tudo num
cesto bem bonito com laço de fita e colocou debaixo de uma árvore.
Aí ele chamou as crianças
e combinou que quando ele dissesse “já!”, elas deveriam sair correndo até o
cesto e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá
dentro. As crianças se posicionaram na
linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado.
Quando ele disse “Já!”
instantaneamente todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em
direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces
entre si e a comerem felizes.
O antropólogo foi ao encontro delas e
perguntou porque elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo
que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces. Elas simplesmente
responderam: –Ubuntu, tio. Como uma de
nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes? Ele ficou pasmo.
Meses e meses trabalhando
nisso, estudando a tribo e ainda não havia compreendido, de verdade, a essência
daquele povo. Ou jamais teria proposto uma competição, certo?
Ubuntu significa: “Eu sou
porque nós somos” ou, em outras palavras “Eu só existo porque nós existimos”.
“Como uma de nós poderia ficar feliz se todas
as outras estivessem tristes?”
A resposta singela da criança, é profunda e
vital pois está carregada de valores como respeito, cortesia, solidariedade,
compaixão, generosidade, confiança – enfim, tudo aquilo que nos torna humanos e
garante uma convivência harmoniosa em sociedade.
Ubuntu exprime a
consciência da relação entre o indivíduo e a comunidade. É, ao mesmo tempo, um
conceito moral, uma filosofia e um modo de viver que se opõe ao narcisismo e ao
individualismo tão comuns em nossa sociedade ocidental capitalista.
Enquanto a ideia europeia
sobre a natureza humana baseia-se na ideia de liberdade , de que os indivíduos
têm o poder da livre escolha, a ideia africana do ubuntu repousa sobre a ideia
da comunidade, de que pessoas dependem de outras pessoas para serem pessoas.
Segundo o espírito de ubuntu, as pessoas não
devem levar vantagem pessoal em detrimento do bem-estar do grupo. Para que uma
pessoa seja feliz será preciso que todas do grupo se sintam felizes. Estamos
conectados uns com os outros e essa relação estende-se aos ancestrais e aos que
ainda nascerão.
Ubuntu é, assim, um
sistema de crenças, uma ética coletiva e uma filosofia humanista espiritual
pautada pelo altruísmo, fraternidade e colaboração entre os seres humanos. Do
ponto de vista político, o conceito de ubuntu é usado para enfatizar a
necessidade da união e do consenso nas tomadas de decisão. É a síntese de um
conhecido provérbio xhosa da África do Sul que diz o seguinte: “Umuntu Ngumuntu
Ngabantu“, que significa “Uma pessoa é uma pessoa por causa das outras
pessoas“.
http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/ubuntu-o-que-a-africa-tem-a-nos-ensinar/
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