Da janela, olho a rua
deserta. No meu peito, uma ausência. Saudade da tua presença. A música toca,
fala de amor, reencontro. Fala de paixão, amor de verdade. No silêncio, guardo
boas lembranças dentro de uma saudade que não passa. O vento frio de inverno,
parece congelar meu corpo de solidão. Tudo está frio, sem vida. Na paisagem do
tempo, viajo em cada momento e te encontro no meu mais profundo segredo. Tudo
pede tua presença. Grita teu nome, mesmo em silêncio. A saudade do teu abraço,
do calor de tua pele. Vontade do teu beijo quente, do teu hálito de amor. Em
cada metáfora, te encontro nas entrelinhas. Enquanto o vácuo da distância rouba
todos os devaneios, deixando em meu coração o apelo dessa vontade de te querer.
Tudo está deserto, sem tua presença, por perto. Os lençóis são frios, neles não há o sussurro
dos teus gemidos, nem o calor de tua boca a me beijar. Tudo está insípido, sem
vida. Apenas as lembranças boas alegram meu olhar. A chuva continua caindo
devagar. Ela molha a rua. Lava as calçadas. Refloresce os jardins. Traz à
semente o germinar. Faz brotar sementes de amor. Tudo é inspiração, nesse
inverno que rouba meus sentidos. Tudo está contigo. Os meus olhos que só vêm teu olhar. Minha boca que só quer chamar teu nome, Minhas mãos que sonham em te
acariciar. Minhas pernas que insistem em caminhar em tua direção. Enquanto, meu
nariz respira teu cheiro, no imaginário. Meus ouvidos tentam captar tua voz,
mas apenas o silêncio é ruído de cada espaço. Abro a gaveta, revejo
antigas cartas, poemas amassados, versos em tua homenagem. Minha tristeza se
faz sorriso, pela certeza de que te amo de verdade. Fecho os olhos e penso. Penso em ti. Relembro nossos momentos. Sinto
saudades tuas e mesmo sem querer, te amo cada vez mais. Enquanto a chuva cai...
Socorro Carvalho
Imagem: Internet