domingo, setembro 10, 2006

DEIXE-ME CHORAR



















Deixe-me chorar
E que o mundo
Me veja chorando
Não haverá outro momento

Que todos vejam
Minhas lágrimas hoje
Serão únicas
Derradeiras

Deixe-me chorar
Sou menos
Que uma criança
Perdi todas
As minhas esperanças

Deixe-me chorar
Sou vazio
De tudo
Que nunca existiu

Deixe-me chorar
As lágrimas
De todos
Apaixonados

Deixe-me chorar
A dor
Do mundo

Deixe-me chorar
As lágrimas
De todos os milênios
Dos que aqui estão
E dos que já se foram
Em vão

Deixe-me chorar
Lavar minh’alma
Da nódoa
Da paixão

Deixe-me chorar
Minhas lágrimas
Formarão
Rios...Oceanos...
Onde navegarão
Barquinhos
De papel.



Célia Raquel de Oliveira


JAMAIS

Teu olhar firme
Insinuante
Deixa sem graça minha timidez
De repente
Já nem sei mas se fujo
Ou encaro tua ousadia disfarçada.

Evito te olhar
Mas teu jeito cínico
Chama minha atenção em silêncio
Mesmo sem eu querer.

Em cabisbaixo ignoro tua procura
Mesmo assim
De alguma forma tua presença me incomoda.

Em meio às pessoas você me desnuda
Como se quisesse testar meu instinto
Não sei...
Fico sem graça!

Em teu jeito safado,
Arrogante,
Esconde um outro ser que me surpreende
Loucura
Fantasia absurda da ignorância
Que não pode vir à tona.

Você não presta
Não adianta vestir-se de gestos delicados
Por que tua imagem para mim vai ser sempre
A eterna fantasia de um canalha
A brincar com as pessoas.

Preciso fugir
Teu jeito descarado
Jamais descansará em mim


Socorro Carvalho