quinta-feira, maio 31, 2007

AMOR ANTIGO


O amor antigo vive de si mesmo

Não de cultivo alheio ou de presença.

Nada exige nem pede.

Nada espera,

Mas do destino vão negar a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,

Feitas de sofrimento e beleza.

Por aquelas mergulha no infinito,

E por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona

Aquilo que foi grande e deslumbrante,

O antigo amor, porém, nunca fenece

E a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.

Mais triste? Não.

Ele venceu a dor,

E resplandece no seu canto obscuro,

Tanto mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade

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