terça-feira, setembro 02, 2008

CEGO AMOR

Eu te amo e sigo imaginária,
sem melancolias ou sobressaltos.
Sei do meu amor à sombra de ti,
que nada sentes por não saber de mim.
Calma e só, eu te amo, sem perturbar
as manhãs de tua vida ou tua solidão
solidamente construída, noite a noite em labor de artesão.
Ainda que não pressintas,
meu amor feito de esperança e perfume,
de miragem e fantasia
meu amor é do feitio do dia,
diverso de ontem e constante,
como se pudesse florescer em ti,
estando em mim profundamente plantado.
Sigo te amando,
insuspeito pássaro entre nuvens,
sem perturbar o brando intumescer das águas
ou o líquido precipitar.
Sigo só, em sede, em sonho
de um súbito incêndio a queimar tuas cortina
se de tua aberta voz docemente debruçada
sobre o silêncio do meu cego amor.

Florbela Espanca

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