quinta-feira, janeiro 15, 2009

SONETO - LIV


ESPLÊNDIDA razão, demônio claro
do cacho absoluto, do reto meio-dia,
aqui estamos ao fim, sem solidão e sós,
longe do desvario da cidade selvagem.



Quando a linha pura rodeia sua pomba
e o fogo condecora a paz com seu sustento,
tu e eu erigimos este celeste efeito.
Razão e amor despidos vivem nesta casa.



Sonhos furiosos, rios de amarga certeza,
decisões mais duras que o sonho de um martelo
caíram na dúplice taça dos amantes.



Até que na balança se elevaram, gêmeos,
a razão e o amor como duas asas.
Assim se construiu a transparência.


(Pablo Neruda - do livro: Cem Sonetos de Amor - tradução: Carlos Nejar)

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