terça-feira, novembro 20, 2012

JUSTIÇA FEDERAL PROÍBE CONCESSÃO DE LICENÇA PARA A USINA SÃO LUIZ DO TAPAJÓS



A pedido do MPF, juiz de Santarém determinou que, antes de qualquer licença, deve ser feita consulta aos índios e a avaliação ambiental integrada dos impactos

A Justiça Federal em Santarém proibiu a concessão de licença ambiental para a usina São Luiz do Tapajós enquanto não forem realizadas a consulta prévia aos índios afetados e a Avaliação Ambiental Integrada dos impactos de todas as usinas planejadas para a bacia do rio Tapajós. A usina integra um complexo de aproveitamentos hidrelétricos no oeste do Pará que vão afetar a terra Munduruku, onde vivem mais de 10 mil indígenas, além de unidades de conservação, comunidades quilombolas, cidades e reservas extrativistas.

O juiz José Airton de Aguiar Portela fixou multa diária de R$ 100 mil em caso de desobediência à proibição. Para conceder qualquer licença, os réus – União, Ibama, Aneel, Eletrobrás e Eletronorte – terão que realizar a consulta aos índios, avaliação ambiental integrada e avaliação ambiental estratégica. As avaliações ambientais são exigências do próprio Ministério das Minas e Energia desde 2009, mas não foram feitas para as usinas do Tapajós.

“O poder público não pode negligenciar regras que ele próprio instituiu, por mais urgentes que sejam as demandas energéticas do país, pois não surgiram da vontade caprichosa de algum burocrata, mas como reclamo da própria realidade da exploração dos potenciais hidrelétricos no Brasil que, registre-se, revelou-se desastrosa por não tomar em consideração os diversos elementos presentes em uma bacia hidrográfica”, diz a decisão judicial.

A exigência do Ministério está na portaria nº 372/2009, que define que “a escolha da melhor alternativa de divisão de quedas para o aproveitamento do potencial hidráulico é determinada a partir de critérios técnicos, econômicos e socioambientais, levando-se em conta um cenário de utilização múltipla da água”.

A avaliação deverá considerar, inclusive, “a necessidade de mitigações e compensações no que diz respeito à infraestrutura urbana, rodoviária, portuária e aeroportuária, além de investimentos em saúde e educação nos municípios de Santarém, Jacarecanga, Itaituba, Novo Progresso, Trairão, Rurópolis, Aveiro e Belterra.”

A consulta aos índios Munduruku, de acordo com a decisão judicial, deve ser dirigida às comunidades Andirá-Macau, Praia do Mangue, Praia do Índio, Pimental, Km 43, São Luiz do Tapajós e outras que ainda não tenham sido localizadas.

Fonte: MPF

A ROSA, A SABONETEIRA E O POETA

O que tem a ver uma saboneteira com uma rosa?
Aparentemente nada.
Absolutamente nada.
Saboneteiras se vinculam, no máximo, a noções de higiene.
As rosas podem despertar múltiplas sensações. Podem expressar uma grande notável variedade de significados.
Mas, à primeira vista, será difícil associar uma saboneteira a uma rosa.
Pois há anos, há muitos anos, Emir Bemerguy, que subiu para a eternidade há sete dias, em Santarém, associou, casou, uniu uma saboneteira a uma rosa.
Durante anos, ele habituou-se a levar pra casa, regularmente, uma rosa que era extraída de roseira plantada em área próxima à Sacristia da Matriz de Nossa Senhora da Conceição.
Ao término da missa das 18h, Emir saía, passava a mão numa tesourinha que levava no bolso, tirava a rosa cortando-a pelo talo, colocava-a dentro da saboneteira e ia embora pra casa.
"Nós até já sabíamos quando era o dr. Emir que tinha tirado uma rosa da roseira. Quando era ele, a rosa estava cortada no talo. Quando eram outros, tudo ficava retorcido", testemunhou padre Ronaldo, ao final da missa de corpo presente do poeta, na quarta-feira da semana passada.
Ao chegar em casa, Emir tirava a rosa de dentro da saboneteira e a entregava a Berenice, uma rosa viva, uma flor de pureza, com quem viveu há 53 anos.
A saboneteira, rósea, está guardada próximo à escrivaninha do poeta. Dentro dela, rebrilhante, a tesourinha que ele usou tantas vezes para tirar uma rosa e levá-la à sua mulher.
Um saboneteira tem tudo a ver com uma rosa quando ambas caem nas mãos de um poeta.
Um poeta que se inspira a tomar uma saboneteira para guardar uma rosa pode até ter optado, racionalmente, por um associação esquisita, desconexa, estranha.
Mas não estranhem os poetas.
Não estranhem.
Não estranhem a saboneteira e a rosa de Emir Bemerguy.
Ele fez da simplicidade e da singeleza inspirações para sua poesia.
Na poesia, externou seu amor.
Por Berenice.
Por seus filhos.
E por Santarém, que ele amou e cantou irresistivelmente, quase até o esgotamento.
Por Santarém que o inebriou a fazer versos ternos, que falavam de luares, banzeiros, de piracaias, de amores derramando-se sob o vento de cima soprado a partir do Tapajós, esparramado em frente à cidade.
Foi essa Santarém que, há uma semana, se despediu de Emir Bemerguy de uma forma comovente, encantadora, terna, inebriante.
Emir Bemerguy se foi.
Ficaram 20 livros prontinhos para serem publicados.
Ficou uma saboneteira com uma tesourinha dentro.
Ficou a lembrança de muitas rosas - dezenas, centenas - que ele usou para externar seu amor.
Ficou a lembrança de que as coisas simples da vida é que, verdadeiramente, têm beleza e odor.
Têm olor e sabor.
Encanto e ternura.
Tudo em sintonia.
Tudo em harmonia.
Como uma saboneteira que guarda uma rosa. 


Paulo Bemerguy

AMOR VERDADEIRO



Quantas vezes você já olhou um casal, passeando de mãos dadas ou abraçado e se perguntou como eles podem se amar, sendo tão diferentes?

Quantas vezes já pensou em como aquela moça tão elegante pode amar aquele homem com ar tão desengonçado?

Ou como aquele homem tão bonito, parecendo um deus da beleza pode amar aquela mulher tão destituída de atrativos?

Toda vez que essas idéias nos atravessam a mente, é que estamos julgando o amor pelo exterior.

Mas, já dizia o escritor de o pequeno príncipe: "o essencial é invisível para os olhos."

A propósito, conta-se que o avô do conhecido compositor alemão Mendelssohn, estava muito longe de ser bonito. Moses era baixo e tinha uma corcunda grotesca.

Um dia, visitando um comerciante na cidade de Hamburgo, conheceu a sua linda  filha. E logo se apaixonou perdidamente por ela.

Entretanto, a moça, ao vê-lo, logo o repeliu. Aquela aparência disforme  quase a enojou.

Na hora de partir, Moses se encheu de coragem e subiu as escadas. Dirigiu-se ao quarto da moça para lhe falar.

Desejava ter sua última oportunidade de falar com ela.

A jovem era uma visão de beleza e Moses ficou entristecido porque ela se recusava até mesmo a olhar para ele.

Timidamente, ele lhe dirigiu uma pergunta muito especial: "você acredita em casamentos arranjados no céu?"

Com os olhos pregados no chão, ela respondeu: "acredito!"

"Também acredito." - afirmou Moses - "Sabe, acredito que no céu, quando um menino vai se preparar para nascer, Deus lhe anuncia a menina com quem vai se casar. Pois quando eu me preparava para nascer, Deus me mostrou minha futura noiva. Ela era muito bonita e o bom Deus me disse: "sua mulher será bela, contudo terá uma corcova."

Imediatamente, eu supliquei: "senhor, uma mulher com uma corcova será uma tragédia. Por favor, permita que eu seja encurvado e que ela seja perfeita."

Nesse momento, a jovem, emocionada, olhou diretamente nos olhos de Moses Mendelssohn. Aquela era a mais extraordinária declaração de amor que ela jamais imaginara receber.

Lentamente, estendeu a mão para ele e o acolheu no fundo de seu coração. Casou-se com ele e foi uma esposa devotada.

O amor verdadeiro tem lentes especiais para ver o outro. Vê, além da aparência física, a essência. E assim, ama o que é real.

A aparência física pode se modificar a qualquer tempo. A beleza exterior pode vir a sofrer muitos acidentes e se modificar, repentinamente.

Quem valoriza o interior do outro é como um hábil especialista em diamantes que olha a pedra bruta e consegue descobrir o brilho da preciosidade.

É como o artista que acaricia o mármore, percebendo a imagem da beleza que ele encerra em sua intimidade.

Este amor atravessa os portões desta vida e se eterniza no tempo, tendo capacidade de acompanhar o outro em muitas experiências reencarnatórias.

Este é o verdadeiro amor.

No amor, o homem sublima os sentimentos e marcha no rumo da felicidade.

Na perfeita identificação das almas, o amor produz a bênção da felicidade em regime de paz.

(Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap. Amor verdadeiro, de Barry e Joyce Vissell, do livro Histórias para aquecer o coração - Edição de ouro, Ed. Sextante e verbete amor do livro Repositório de Sabedoria, vol. 1,  do Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed.  Leal.)