domingo, setembro 01, 2013

ENCANTO DA MINHA TERRA...



Em Santarém, minhas tardes têm sabor de poesia.
O por do sol refletido  sobre o Tapajós.
Derrama magia em cada olhar...
Tem rima, sabor  e ardor de amor.
Numa contemplação
O vento,  que passa suave  exala, no ar,   o cheiro  do  rio...
Trazendo  no toque  versos,  poemas e carícias.
A paisagem linda,
É cenário de encontros e despedidas.
Enquanto em meio ao remanso,
Exibe-se em esplendor o lindo Tapajós.
Tapajós dos poetas!
Dos cardumes e pescadores.
Inspiração de telas e canções.
Pura arte “mocoronga”,  que flui de  dentro de nós,
Como doces sorrisos de hospitalidade.
Minhas tardes em Santarém são assim...
Se a chuva não vem.
O por do sol nos brinda ao entardecer...
Ao agasalhar-se pomposo nas águas do Tapajós.
Enquanto o  barco  passa, o banzeiro  fica.
Transformando em magia os versos da minha poesia...
Encanto da minha terra linda!!
Santarém!!


Socorro Carvalho
Foto: Edu Dias - Orla de Santarém

A ESTÓRIA DA YARA DO LAGUINHO COM O ÍNDIO DA SERRA DA ESCAMA



Certa vez, um lendário Boto resolveu dançar numa festa lá pras bandas do Imperial, próximo ao Paraná de Baixo, no Município de Óbidos. Lá estando com seu terno branco e chapéu na cabeça, aproximou-se de uma linda moça debruçada no parapeito da casa, e perguntou-lhe:

- A senhorita sabe dançar?

A moça, olhando bem nos seus olhos, com uma voz macia, lhe respondeu:

- Embora sejas um rapaz formoso e atraente. Desculpe, não costumo dançar com qualquer estranho.

Mas o Boto transformado em homem não desistiu, ficou muito impressionado com tanta beleza em sua frente, então quis saber seu nome, e perguntou-lhe onde morava. A moça então lhe respondeu:

- Moro num lago, bem ao lado da cidade presépio. Para dançar comigo cavalheiro, primeiro tens que me provar ser um bom dançarino. No entanto, o meu nome, distinto, jamais saberás.

O homem-boto nunca havia se deparado com uma moça tão misteriosa, percebeu que não seria nada fácil encantá-la. Ao contrário, estava impressionado, jamais tinha visto uma moça com beleza tão rara, e sutil personalidade. O interesse por aquela jovem ficou latente. Sabia, contudo, que estava diante de um ser especial, uma moça diferente daquelas casuais com quem sempre encontrava nas festas do Paraná de Baixo. E para se mostrar, aproveitando a alegria do maxixe executado pela “pau e corda”, pavulamente resolveu tirar outras moças para dançar e demonstrar suas habilidades de dançarino, que comumente fascinava as tapuias.

Depois de uma voltinha pelo salão, resolveu procurar aquela moça formosa outra vez, mas para sua tristeza, percebeu que não se encontrava mais no recinto, desaparecera. Decepcionado, procurava-o por todos os lados, e, finalmente, olhando para o estirão vazio, restou-lhe uma voraz indagação. Quem seria, afinal, aquela preciosidade de moça bela e misteriosa?

TE AMO...




Te amo de uma maneira inexplicável
De uma forma inconfessável
De um modo contraditório

Te amo
Te amo, com meus estados de ânimo que são muitos
E mudar de humor continuadamente
Pelo que você já sabe
O  tempo
A vida
A morte
Te amo
Te amo com o mundo que não entendo
Com as pessoas que não compreendem
Com a ambivalência da minha alma
Com a incoerência dos meus atos
Com a faz fatalidade do destino
Com a conspiração do desejo
Com a ambiguidade dos fatos
Ainda quando digo que não te amo, te amo
Ate quando te engano, não te engano
No fundo levo a cabo um plano
Para amar-te melhor
Te amo
Te amo sem refletir, inconscientemente
Irresponsavelmente, espontaneamente
Involuntariamente, por instinto
Por impulso, irracionalmente
De fato não tenho argumentos lógicos
Nem sequer improvisados
Para fundamentar esse amor que sinto por ti
Que surgiu misteriosamente do nada
Que não resolveu magicamente nada
E que milagrosamente, pouco a pouco, com pouco e nada
Melhorou o pior de mim
Te amo
Te amo com um corpo que não pensa
Com um coração que não raciocina
Com uma cabeça que não coordena
Te amo
Te amo incompreensivelmente
Sem perguntar-me porque te amo
Sem importa-se porque te amo
Sem questionar-me porque te amo
Te amo
Simplesmente porque te amo
Eu mesma não sei porque te amo.
Pablo Neruda
Traduzido para o português


SE CHOVESSE VOCÊ




Se você fosse lua
Dormiria contigo na praia
Entraria contigo no mar
Choraria o teu minguante
Seguiria o teu crescente
Habitaria teu luar

Se você fosse sol
Eu seria girassol
Tua luz seria meu farol
Amaria teu calor
O teu fogo abrasador
Queimaria por amor

Se você fosse vento
Queria você todo momento
Pra enrolar meu cabelo
Levantar a minha blusa
Arrancar-me um suspiro
Ser o ar que eu respiro

Se você fosse chuva
Eu me deixava molhar de prazer
Dançava na rua pra ter
Minha roupa bem molhada
Minha alma encharcada
Se chovesse você




Eliana Printes e Chico Serra