terça-feira, janeiro 14, 2014

NOITE FRIA DE JANEIRO...

Gosto desse ritmo,  que me embala as emoções...
Aguçando sensações e sentimentos verdadeiros.
Numa nostalgia íntima de segredos.
O repertório  do  vento a dedilhar canções...
Tocando-me  a pele nesta noite fria.
Pensamentos que divagam,
Entre súditos desejos ...
Esse pulsar ardente  que ritma dentro  do peito,
Faz o coração acelerar...
Em meio a utopias e devaneios.
O sono vem,  como mensageiro.
A noite  está fria.
Fecho os olhos
No calor da cama e dos lençóis
Embalo a fantasia,
Simples nostalgia

Estou aqui tão sozinha...
Nesta noite fria
De janeiro...


Socorro Carvalho

MUDAR O MUNDO


Quando jovens, cultivávamos a utopia de um mundo melhor. Tenho refletido sobre isso. Tenho lido e pesquisado sobre a história do nosso comportamento através dos séculos. Parece que, apesar de toda a violência atual, fomos ficando menos violentos. Difícil acreditar, eu sei. Mas basta pensar nos antigos povos escravizados. Mulheres brutalizadas e crianças maltratadas sem nenhuma defesa, impérios cruéis e perseguições terríveis aplaudidas, como Cruzadas e Inquisição, para ver que melhoramos.



Talvez em nosso DNA não sejamos predadores ferozes. Quem sabe compaixão e solidariedade tenham nascido com essa nossa estranha espécie. os humanos que andam eretos e, para complicar tudo. Pensam. Quem sabe esse ídolo de dupla face, prazer e poder, com a economia como lema primeiro, não seja inato em nós. Mas invenção de uma humanidade que pode ser mais sofisticada, mas ainda é destrutiva demais.



Seria possível mudar o mundo, mudando por pouco que seja os princípios e valores de cada um de nós? Ou é um velho ideal ultrapassado, e juvenil? Talvez haja um modo de transformar nossa louca futilidade e desvairada busca de poder, estimulando o que em nós já existe: o desejo do bem do outro, e uma convivência menos truculenta?



Se o primeiro objetivo de todos os governos fosse o bem das pessoas, a deusa Economia e seu parceiro, o Poder, perderiam um pouco da força. E teríamos outros ideais, modelos, ambições. Haveríamos de nos respeitar mais, também. Reavaliar nossos desejos, consumir menos ou melhor. Se fosse preciso trocar a manicure e o cabeleireiro por comida decente para as crianças e quem sabe, a prestação de uma casinha própria. Mudar o sonho do carrão importado por mais harmonia, mudar o conceito do que é "moderno", que não é inconsequente e delirante. Recuperar a compostura perdida quando fazemos proselitismo com cartazes e material de televisão dizendo que alguém é uma prostituta feliz, ou "sou feliz porque sou prostituta". O material foi recolhido pela insanidade, mas alguém, num cargo importante em um dos muitos ministérios, teve essa genial ideia. Respeitar não significa elogiar, nem apresentar como modelo.