A noite vai passando, junto dela se vão quimeras, na vã tentativa
de compor versos... O olhar infinito, perdido, estático, remete-me para
dentro do meu próprio eu, enquanto incógnitas
preenchem meu universo. Perguntas sem respostas, flutuam no vento que toca minha face. E o
pensamento se perde no devaneio dessa estranha nostalgia. No silêncio mais profundo, permaneço. Meu silencio
é o contraste perfeito da loucura, das minhas horas insanas de desejo. O
universo indiferente, ausente já não traz em si a inspiração. Imagens atordoam minhas
lembranças. Num breve instante, sinto a inspiração repousar, aqui, dentro do meu peito. As
horas e a inspiração se vão, enquanto o avesso do verso insiste em permanecer . A noite se prolonga, o sono não vem, as
palavras silenciam e brincam de esconde, esconde... sob as
entrelinhas dos versos.
Socorro Carvalho