quarta-feira, julho 16, 2014

NO ARREBOL DO SEU PRAZER, MEU DESCANSO


 Felino sem tréguas  deságua o desejo
A calmaria do teu corpo é meu sossego
Sonetos murmurados, versos em segredo.
Agasalho-me em seu peito...
Nítidas batidas do meu coração,
Transborda alegria e contentamento.
Sua boca gostosa  eu degusto...
Na mais voraz inconsequência poética.
O encontro, nós dois,  o  desejo.
Junção perfeita do gozo, do êxtase...
No fulgor de nossos corpos nus.
No arrebol do seu prazer
Eu descanso inteira,  sobre você.


Socorro Carvalho


SONETO XLIX

É HOJE: todo ontem foi caindo
entre dedos de luz e olhos de sonhos,
amanhã chegará com passos verdes:
ninguém detém o rio da aurora.

Ninguém detém o rio de tuas mãos,
os olhos de teu sonho, bem-amada,
és tremor do tempo que trascorre
entre luz vertical e sol sombrio,

e o céu fecha sobre ti suas asas
levando-te e trazendo-te a meus braços
com pontual, misteriosa cortesia:

por isso canto ao dia e à lua,
ao mar, ao tempo, a todos os planetas,
a tua voz diurna e a tua pele noturna.


(Do livro Cem Sonetos de Amor) Pablo Neruda
* Ganhei-o de presente da Luciene Santos.
Sonetos!! Todos lindos!! Escolhi esse pra você...