Cada vez mais a morte me faz
refletir sobre o real sentido da vida. Ainda ontem, 12 de agosto, após chegar
em casa pude me deparar na tela da tv com a presença do candidato a Presidente
do Brasil Eduardo Campos. Um jovem senhor de apenas 49 anos de idade. Com a
beleza e brilho de seus olhos azuis deixava mais bonita a bancada do Jornal Nacional- JN . Era
o segundo convidado da série de entrevistas com os presidenciáveis. Vendo o
jeito seguro do candidato ao responder as muitas perguntas, feitas pela dupla
de apresentadores, era possível ver que ele foi cortês e seguro em cada
resposta dita sempre com aquele jeito bonito de ser. Por alguns minutos era ele o centro das
atenções das curiosidades. O povo brasileiro ansioso só queria ver e ouvir as
propostas do candidato, que para alguns, era a melhor opção, o melhor
representante.
Já na bancada do JN esbanjou elegância, simpatia e foi o
contraste perfeito daquele cenário bonito, naqueles breves instantes ofertados
pela Rede de Televisão, em exposição
nacional. Cheia de curiosidade fui
também uma das brasileiras a conferir a entrevista de Eduardo Campos, mesmo
já tendo meu voto definido. No entanto, penso que
é importante ser curiosa, ouvir e estar
atenta aos arredores políticos. Principalmente
quando estamos inseridos no mundo dos formadores de opinião, na comunicação.
Enfim, acompanhei aquele momento sempre fazendo referencias a
segurança do candidato e claro, aquele par de olhos lindos. Olhos azuis da cor
do mar a esbanjar uma energia azul e positiva. Poderia até não vencer as
Eleições, mas falou com a certeza de estar
ciente do compromisso que deveria ter diante do destino do Pais. Jamais poderia
se imaginar que no dia seguinte, 13 de agosto, Eduardo Campos trocaria de lugar
e iria paginar não apenas uns minutos dentro do JN mas praticamente todo o tempo
dos noticiários e o mais triste, um noticiário trágico. Um acidente aéreo roubou os sonhos e cada proposta do candidato a serem propagados na
campanha até as Eleições de Outubro.
Em todo o Brasil, os canais de televisão , as emissoras de
rádio, os sites, blogs e redes sociais anunciavam a queda do avião jato que conduzia o candidato e
assessoria. E de repente, muda-se o cenário. Os comentários sobre a entrevista
de Eduardo Campos foram trocados pela notícia
de sua morte e de mais seis pessoas que estavam
abordo do avião contando além do candidato, com assessores,
profissionais da comunicação e pilotos. Uma notícia triste e
lamentável. Triste pelas vidas tiradas de forma precoce, pelas famílias
despedaçadas, sonhos desfeitos. Lamentável pois o contexto político no Brasil perde uma grande
liderança. O povo pernambucano perde um conterrâneo, Marina perde seu parceiro
de chapa e os eleitores que em Eduardo Campos votariam perdem o candidato. Os
demais candidatos e candidatas perdem o prumo, ficam sem rumo, cancelam agendas
e cada fala vem com uma triste lamentação pela perda.
Além de Eduardo Campos se
foram ainda dois colegas da comunicação que certamente com todo entusiasmo
acompanhavam o candidato fazendo seus trabalhos. A notícia triste, trágica, surpreendeu
e entristeceu o Brasil. E os olhos azuis hoje já estão misturados ao azul do céu.
A fatalidade me deixa cada vez mais pensativa sobre o sentido da vida. E tenho
a certeza de que nada somos diante do poder de Deus. Creio que tudo que ocorre
nessa vida e universo são incógnitas dos desígnios de Deus. Enquanto somos
meros espectadores diante desse mistério
da vida e da morte.
Essa reflexão me faz pensar que diante da morte todos somos
insignificantes. Com a morte se vão
todas as nossas vaidades, egoísmo, ganância de poder, corrida por titulações
ou acúmulo de bens materiais. Quando ela
chega nos rouba tudo, inclusive os mais lindos sonhos. Por isso, creio cá no
fundo da minha mais profunda ignorância
de que o que vale nessa vida é o bem que guardamos dentro de nossos corações.
Pois de nada adianta tanto orgulho e prepotência quando, na realidade, o futuro
é sempre a morte. Tenho pensando bastante sobre isso. E refletido até onde vale
a pena nos matarmos nesse mundo cão e tão cheio de gente com essência
robótica e sem coração. O poder é
passageiro. As titulações não são exigidas nem na porta do céu, nem tampouco na
porta do inferno, penso eu. Então, fico a me perguntar. Até aonde vale a pena me
sacrificar tanto e me deixar vitimar por esse sistema irracional de tantas
miragens e falsas ilusões.
Hoje foi Eduardo Campos, um
dia vai ser eu, outro dia vai ser você e assim vai se completando os ciclos da
vida. No entanto, dentro do meu coração fica a indagação... Eduardo Campos !!
Como explicar? De repente, percebo que é um mistério de Deus e só Ele tem a
explicação. Então, só me resta pedir que Esse mesmo Deus possa confortar as famílias e permita que cada um
falecido descanse em paz. A morte sempre me assusta e continua me deixando
profundas reflexões sobre a importância de viver intensamente cada momento...
Socorro Carvalho
Foto: Google