quarta-feira, novembro 26, 2014
SÓ AS MULHERES
Estar ao lado de uma mulher
permite viver uma gama maior de sentimentos e expressá-los – como não se faz
entre homens
Se não houvesse outra razão para
gostar do convívio com as mulheres, haveria a maneira como elas são capazes de
parar pela manhã diante do guarda-roupa escancarado e queixar-se amargamente de
que não têm o que vestir. Usualmente nuas, com as mãos nas cadeiras, fazem um
beicinho desolado. Várias vezes por semana.
Metrossexuais à parte, homens não
têm esse encanto. Falta a eles sinceridade ou imaginação. Mark Zuckerberg, o
fundador do Facebook, diz que economiza tempo e energia usando sempre a mesma
cor de camiseta. Há um exemplo feminino equivalente? Desconheço. Mulheres
tendem a ser ciosas da própria aparência. Esse é apenas um dos fatos que as
distingue positivamente dos homens.
Às vezes, quando estou
enternecido, tenho vontade de fazer a lista das coisas que tornam as mulheres
adoráveis. A cena diante do guarda-roupa é uma delas. Outra, talvez minha
favorita, é a capacidade de chorar fazendo sexo. Não qualquer sexo, em qualquer
dia, mas o sexo apaixonado que só se faz de vez em quando, cheio de ternura,
beijos e juras pornográficas de amor.
Em meio a essa festa dos
sentidos, você olha cheio de lascívia nos olhos da sua fêmea e percebe que ela
chora. Por sentir-se amada, provavelmente. Ou por alguma razão inconfessável e
terrível. Não importa. Você se comove ainda mais, tem vontade de chorar, mas
não chora. Por ser besta, por ter algo quebrado, por ser homem.
Outra coisa que me toca é a
sinceridade das mulheres diante das próprias emoções. Quando jovem, a gente se
perturba com a intensidade e a franqueza dos sentimentos delas. Está tudo à
flor da pele, vem aos borbotões, assusta. Com os anos, a gente se acostuma.
Começa a perceber que o repertório delas de medo, tristeza, alegria, raiva é
mais rico do que os áridos clichês emocionais usados pelos homens. Estar ao
lado de uma mulher permite não apenas usufruir de uma gama maior de
sentimentos. Permite expressá-los de um jeito que não se faz no convívio entre
homens.
Alguns dos melhores momentos da
minha vida foram passados ao lado de mulheres contando algo de bom que lhes
tinha acontecido. A alegria delas nessa hora é contagiante. Homens raramente
são capazes de se despir da soberba e de exibir surpresa com a generosidade da
vida. As mulheres, que não foram criadas como príncipes, expressam melhor
alegria e gratidão diante do inesperado.
É inevitável, sendo homem, amar a
forma delicada como as mulheres cuidam de si mesmas. A saúde, os planos, a
agenda repleta de compromissos. Sem falar dos filhos, claro. Tenho mais de uma
amiga cheia de responsabilidades que, vira e mexe, me surpreende com uma
mensagem do outro lado do mundo. Elas procuram passagens baratas, acham tempo
para viajar, organizam o pagamento de prestações. Ao mesmo tempo que fazem todo
o resto que mal consigo fazer. Tenho certeza de que todas elas se tornarão
velhinhas ativas e felizes, enquanto temo pelo futuro dos marmanjos
improvisadores, como eu.
Sou igualmente fascinado pela
autonomia dessas criaturas. Elas florescem na companhia de si mesmas. A solidão
das mulheres me parece uma clareira iluminada, enquanto a dos homens é um poço
escuro. Sempre tive a sensação de que a média das mulheres está mais
confortável com si mesma que a média dos homens - e isso faz diferença na hora
de estar sozinha ou de lidar com a adversidade. Os homens fogem das camas
vazias e dos quartos de hospitais. As mulheres respiram e enfrentam. Há algo de
estóico nelas que não se confunde com a caricatura das mulheres à beira de um
ataque de nervos. Quando a barra pesa, frequentemente elas são mais serenas.
Isso não quer dizer que as
mulheres sejam legais o tempo todo ou que permanecerão adoráveis para sempre.
Elas vão embora, nos abandonam, deixam de nos amar, se tornam indiferentes, às
vezes nos odeiam com uma energia única. Não importa. Em algum lugar da nossa
memória, continuarão nuas, com as mãos na cadeira, sacudindo os cabelos
molhados com enorme desalento, reclamando, diante do guarda-roupa: “Não tenho o
que vestir!”. Oh, graças a deus!
UM OLHAR DE COMPREENSÃO SOBRE A VIDA
Estar entre o que você plantou e o que você tem...
Sempre ouvi aquele velho ditado: "Você colhe o que
planta", e sempre me pareceu lógico e justo. No entanto, quando caímos na
maior das plantações; dos terrenos, a vida, é que nos deparamos com a
contradição que esconde tal dizer.
Plantar pode ser simplesmente uma ação; uma construção. Já
colher pode não ser o resultado disso. A realidade, portanto, é que nem sempre
iremos obter o resultado que esperamos de todo um trabalho voltado,
necessariamente, para aquilo.
Mas o mais importante em qualquer das situações, tenhamos ou
não colhido o que plantamos, é que teremos aprendido mais sobre o quê e/ou quem
pode estar no roçado da vida para continuarmos o cultivo.
Jefferson Santos
Jornalista
Jornalista
Assinar:
Postagens (Atom)