quinta-feira, fevereiro 25, 2010

MISTÉRIOS

Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados,




Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa bôca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.




Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas...




Talvez um dia entenda o teu mistério...
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosa.




Florbela Espanca

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