quarta-feira, maio 12, 2010

A FORDLÂNDIA NA AMAZÔNIA

Durante décadas, no pós-II Guerra, o povo estadunidense foi sempre empolgado por ações militares vitoriosas. O primeiro forte abalo foi sentido com a humilhante derrota no Vietnã, há 35 anos. Uma sensação que está novamente na ordem do dia com os fracassos verificados no Afeganistão e no Iraque, de onde partem diariamente mais corpos a enterrar e mais soldados mutilados ou abalados emocionalmente. Eles começam a construir uma história de fracassos.

Talvez isso explique o sucesso do livro Fordlândia – A ascensão e a queda da cidade perdida na selva de Henry Ford, do historiador Greg Grandin, considerado um dos melhores títulos da temporada de 2009 e o melhor para algumas das publicações mais prestigiosas dos EUA, como The New York Times e The New Yorker. Grandin é um especialista em história das Américas. O mesmo frisson que ele causou com Fordlândia já havia sido experimentado com uma de suas obras anteriores: A Oficina do Império: América Latina, EUA e a queda do novo imperialismo.

Para compreender a ousadia do grande magnata norte-americano que decidiu construir uma cidade-modelo na selva amazônica brasileira é preciso antes conhecer um pouco da biografia, da personalidade e das formas de experimentação com que Henry Ford se tornou o construtor do moderno capitalismo americano.

Nascido numa fazenda próxima a Detroit, filho de um irlandês com uma belga, Ford era um internacionalista desde a origem. O mundo seria seu campo de ação. Seu método inovador – o fordismo, baseado na linha industrial de montagem – sacudiu a humanidade. Foi um impulso inovador à produção industrial planetária. Enquanto tecia seu sonho de avançar pelo mundo, quando ainda nem se sonhava com a explosão chinesa, ele adotou um filho chinês. Era como se estivesse vislumbrando o futuro, uma de suas características mais marcantes.

Desde cedo se interessou pelas máquinas agrícolas, mas detestava o trabalho no campo. Não era pela agricultura, portanto, que ele estava fascinado, mas pelos motores. Desmontava desde relógios até maquinários e chegou registrar 161 patentes de novas invenções.

Mesmo depois de se afirmar como dono de um império, com siderúrgicas, usinas, navios, ferrovia e minas de carvão, ele continuou o mesmo mecânico do passado. Hoje, qualquer executivo medíocre lhe daria um baile: mau gerente, mau administrador, gostava da oficina, mas detestava contabilidade, banqueiros (tinha por eles uma aversão antissemita) e guardava com ele mesmo seu dinheiro vivo.




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