sábado, outubro 16, 2010

PESQUISA - AS NOVAS REGRAS DO SEXO: ATÉ ONDE VOCÊ VAI?

Marie Claire realizou uma pesquisa com as suas leitoras para descobrir como as mulheres estão se comportando em relação ao sexo. O que é tabu e o que deixou de ser? Quais são as novas regras? 2.330 leitoras participaram, respondendo a um questionário com 35 perguntas. Conheça os resultados, saiba o que pensam os especialistas e veja o depoimento de mulheres que falam sobre suas ousadias e limites.

Dar um tapinha pode, mas amarrar não. Fazer sexo em lugares públicos pode ser excitante, mas transar a três está fora de questão. Receber sexo oral é uma delícia, mas fazer sexo anal ainda é tabu. Com 2.330 participantes de todo o país, a pesquisa realizada por Marie Claire* trouxe resultados surpreendentes. Ao responder às 35 perguntas formuladas pela redação, as leitoras mostraram que há dois movimentos opostos em ação. Por um lado, existe uma evolução evidente no comportamento sexual das mulheres, que se esforçam para romper proibições e criar novas regras. Em contrapartida, surge uma resistência a mudanças mais fortes: alguns tabus permanecem, imunes à virada do milênio.

O público que respondeu a essa pesquisa informal tem um perfil bem específico: são mulheres jovens, solteiras e bem-informadas, que costumam sair na frente em matéria de inovações sexuais. A grande maioria tem entre 20 e 40 anos (79%) e mora na região Sudeste (65%); metade delas (49%) são solteiras, contra 40% de casadas. A maioria (63%) pertence às classes A e B e tem grau de escolaridade alto (42% completaram o Segundo Grau, 30% fazem ou fizeram faculdade). 'São mulheres mais liberais em relação à maioria da população', diz a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora de pesquisas do Projeto de Sexualidade da USP. 'Elas têm um repertório sexual maior e mais ousado, e podem apontar tendências.'

Algumas mudanças são muito claras à primeira vista. 'Dá para perceber que a qualidade da vida sexual dessas mulheres melhorou', diz a terapeuta sexual Carla Zeglio, do Instituto Paulista de Sexualidade. Ela cita como exemplo a primeira pergunta: cerca de metade das mulheres diz que faz sexo mesmo sem estar apaixonada. 'Hoje a mulher faz sexo para ter prazer. Se ela estiver apaixonada, melhor.' Na opinião de Carmita Abdo, essa pergunta é básica. 'Metade das mulheres está de um lado, metade do outro. Uma parte delas está mudando a forma de fazer sexo, enquanto a outra tenta manter a forma mais antiga.'

Existem regras que nunca mudam: 74% das mulheres afirmam que não fazem sexo no primeiro encontro. 'A mulher pensa: 'Se eu fizer isso com ele, vai achar que faço com todos'', diz a psicóloga Roseli Gomes. O medo de se tornar uma mulher fácil e, portanto, indesejável não é infundado, segundo Carmita Abdo. 'Pode parecer uma coisa antiga, mas muitos homens ainda pensam assim.' Carla Zeglio discorda: 'Isso é uma fantasia feminina antiga. Os homens estão diferentes hoje. Eles buscam alguém que tenha disponibilidade para estar junto.'

O sexo oral está em alta, mas o sexo anal continua sendo um tabu. Na opinião do psicoterapeuta Eduardo Ferreira-Santos, a aprovação maciça do sexo oral (86% das mulheres fazem e recebem) mostra uma clara mudança de comportamento. 'Dá para perceber que as mulheres querem sentir mais prazer, o que é uma evolução', diz. 'É um número bem alto, superior a outras pesquisas do gênero', diz Carmita Abdo.

No caso do sexo anal, os números não surpreendem: apenas 26% das mulheres adotam a prática. 'Essa modalidade não é vista como prazerosa por boa parte das mulheres', diz Carla Zeglio. 'Mas muitas fazem, gostam e têm orgasmo dessa maneira.' É comum as mulheres experimentarem mas desistirem rápido, segundo Roseli Gomes. 'Pela minha experiência, é uma minoria que faz e são menos ainda as que gostam.'

Acessórios e produtos de sex shop não são unanimidade. Enquanto a lingerie erótica está em alta (61%), o vibrador continua relegado a segundo plano: somente 14% usam o aparelho sozinhas. E, se metade das mulheres já entrou numa sex shop, o número daquelas que comprou um produto e usou é menor: 30%. 'A mulher acha que, se comprar um vibrador, é quase uma tarada', diz Roseli Gomes. 'Uma fantasia comum é de que alguém vai descobrir que ela tem um vibrador. Na verdade, o que ela tem medo é que alguém descubra que ela gosta de sexo, porque isso ainda é associado a uma mulher vadia, não desejável para um casamento.'

Uma boa surpresa foi a questão sobre filmes pornôs: 63% disseram que assistem a esse tipo de filme. 'É bom a mulher perceber que ela também responde a um estímulo visual, ao contrário do que dizem por aí', diz Carla Zeglio. Em compensação, trocas de casais e transas a três ainda são vistas como práticas muito radicais: o número das que realizaram sexo grupal não passa de 5%. 'Casa de swing não é um lugar onde essas mulheres vão, é uma sexualidade muito explícita', diz Carla.

Novidade entre quatro paredes: algumas atitudes ligadas ao sadomasoquismo já foram incorporadas às relações sexuais. Mais da metade das participantes acha ok o parceiro dar tapinhas durante o sexo. 'É uma surpresa, já que nas minhas pesquisas os números são menores', diz Carmita Abdo. Na opinião de Eduardo Ferreira-Santos, as práticas abertamente sadomasoquistas ainda são tabu. 'Mas um tapinha acaba passando como uma brincadeira de criança', diz. O mesmo se aplica ao costume de amarrar e ser amarrada pelo parceiro -um quinto das entrevistadas já experimentou. 'Essas práticas já viraram lúdicas', diz Roseli Gomes.

De longe, a resposta mais surpreendente foi a que se refere a carinhos mais ousados nos homens: 62% das mulheres disseram que já fizeram carícias na região do ânus ou períneo. 'Acredito que essa resposta só seja possível entre mulheres mais liberadas', diz Carmita Abdo. 'A maior parte não faz porque acha que é ousado demais. E eles não revelam esse desejo porque têm medo que sua virilidade seja questionada. Mas a verdade é que o ânus é uma região altamente erótica para o homem.'

As perguntas finais revelam uma contradição. Embora as mulheres tomem cuidado para não engravidar (68% usam métodos anticoncepcionais), elas ainda não se previnem contra as doenças sexualmente transmissíveis. Só 42% transam sempre com camisinha. Mesmo se considerarmos apenas as solteiras, o número das que fazem sexo com preservativo ainda é baixo: 49%. 'Nas pesquisas realizadas pela USP, o número é menor ainda: só 35% das mulheres transam com camisinha', diz Carmita Abdo. 'Ela ainda não se sente à vontade para pedir que o homem use. 'E se ele se irritar? E se ele ficar furioso e me abandonar?'.' Para a terapeuta Carla Zeglio, as mulheres ainda não aprenderam a associar sexo e liberdade. 'Usando camisinha, ela pode transar com quem quiser, mas ainda não se deu conta disso. Ela busca a liberdade, mas não assumiu a responsabilidade que essa liberdade traz. Ela é responsável pela saúde dela, pelo corpo dela, pelas escolhas que faz. Se escolhe transar, a responsabilidade tem que vir junto.'

*A pesquisa foi realizada pelo departamento Online da Editora Globo
Por Marisa Adán Gil e Eliana Castro

 

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