Um cheiro de ser outro, um colhereiro
no lago dos meus olhos. Quantas vezes?
De quantos dias fez-se esta memória
e o quanto evaporou da sua essência?
Minha uma vida evola-se, e não fixo
nada de meu que saiba a acontecido.
Não fosse o fogo, tudo era uma névoa
de sensações e aromas mutilados.
Mas tu és vivo em mim, e ainda exalas,
sem que eu te peça, um cravo de inocência,
que ora me embala, e ora me perfura.
Perfume de uma infância que se lembra
e que se esquiva quanto mais a quero.
Lembrar é flor que nasce além do tempo.
II
Lembrar é luz difusa e fugidia
que à revelia, sempre, incide ou morre.
Essas crianças, rindo, de mãos dadas,
aonde correm quando as surpreendo?
Viver é uma (a)ventura da memória.
Como ordenar os cacos, os lampejos,
e que sentido fazem, como mapa,
sob este Sol mais puro? Um novo mito?
Caleidoscópio manso e sem pecado,
enfim te vejo, mas não sei se alcanço
ser um contigo no correr da tarde,
ser um com a luz que filtra pelas flores
e recortar na sombra este mosaico
sob um caramanchão que se entressonha.
Jason Carneiro (1972 - )
Recado do Jason Carneiro
Amigas, Amigos,
Eu me pergunto, perguntei-me sempre, que vida a minha se não o que me lembro. Eu me pergunto, ainda agora o faço, ante a memória que me vai fugindo, algo para sempre, algo para que venha o novo, se isto que fica, e nem tudo é lugar e data e cor de roupa, se isto afinal sou eu, eu, o que escolhi (quanto escolhi?) do que me aconteceu. E porque me pergunto, perguntei-me sempre, cismei de responder, a buscar insone o velho Orquidário de Santos, um laivo do que foi infância, ou talvez seja, fundo mistério louco, ainda infância em mim.
Grandes abraços, e boa semana,
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