quinta-feira, junho 30, 2011

DELÍCIA NORDESTINA: BUCHADA DE BODE


Ingredientes
Vísceras de 1 cabrito (bucho, tripas, fígado e rins)
4 limões grandes
Sal e pimenta-do-reino a gosto
3 dentes de alho esmagados
4 cebolas picadas
1 maço de cheiro verde picado
2 folhas de louro picadas
2 ramos de hortelã picados
1 xícara de vinagre
2 colheres de sopa de azeite
200 g de toucinho fresco picado
Sangue coagulado do cabrito

Modo de Preparo
Limpar as vísceras, retirando a cartilagem e o sebo.
Limpar o bucho e esfregar o limão por dentro e por fora.
Deixar de molho em água fria com o suco de 1 limão por 5 h.
Picar em tirinhas as tripas e demais vísceras.
Temperar com sal, pimenta-do-reino, alho, cebola, cheiro verde, louro e hortelã.
Juntar o vinagre e deixar descansar.
Aquecer o azeite e adicionar o toucinho, deixando em fogo baixo até derreter, formando torresmos. Retirar os torresmos e na gordura que se formou refogar todas as vísceras.
Juntar o sangue coagulado já picado e retirar do fogo.
Retirar o bucho do molho de limão, aferventar inteiro.
Colocar o refogado de vísceras e os torresmos no interior do bucho e costurar com agulha e linha.
Levar ao fogo uma panela com bastante água e sal e deixar ferver.
Colocar o bucho e cozinhar em fogo brando durante 4 h.
Servir com molho de pimenta forte e farinha de mandioca crua.



Tempo de Preparo: 4 horas e 20 minutos


*  A buchada de bode é uma das delícias que você vai poder degustar
na Festa da Integração Nordestina em Mojuí dos Campos.
É uma delícia!!


Fonte: Receitas de Comidas

A LITERATURA DE CORDEL


Ainda falando em Cultura Nordestina,  atualmente  a temática da Literatura de Cordel vem obtendo grande destaque na TV, e com isso tem se tornado bastante popular.
O que é e origem ?

A literatura de cordel é uma espécie de poesia popular que é impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura. Também são utilizados desenhos e clichês zincografados. Ganhou este nome, pois, em Portugal, eram expostos ao povo amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas, como roupas no varal. As primeiras manifestações da literatura popular no ocidente ocorreram por volta do século XII. Peregrinos encontravam-se no sul da França, em direção à Palestina; no norte da Itália, para chegar à Roma; e ainda na Galícia, no santuário de Santiago.

Nesses encontros eram transmitidas as histórias e compostos os primeiros versos, de forma muito primitiva.

O que interessa para nós é que foi dessa forma que surgiram os primeiros núcleos de cultura regional que se espalharam pela Europa e, posteriormente, pela América.

Chegada ao Brasil

A literatura de cordel chegou ao Brasil no século XVIII, através dos portugueses. Aos poucos, foi se tornando cada vez mais popular. Nos dias de hoje, podemos encontrar este tipo de literatura, principalmente na região Nordeste do Brasil. Ainda são vendidos em lonas ou malas estendidas em feiras populares. O nome de Cordel teve origem em Portugal, onde os livretos, antigamente, eram expostos dependurados em barbantes, conforme ilustração acima.

Devido ao atraso da chegada da imprensa por aqui e seu acesso pelo público, as produções literárias de populares tiveram seu apogeu apenas no século XX.

Nossa literatura de cordel é caracterizada, principalmente, pela poesia popular. A prosa aparece muito mais na forma oral, que passa de geração para geração.

Como é uma manifestação muito mais cultural do que intelectual, destaca-se em regiões onde a cultura é mais valorizada e delineada. Aqui no Brasil essas regiões são a Nordeste e a Sul.

De custo baixo, geralmente estes pequenos livros são vendidos pelos próprios autores. Fazem grande sucesso em estados como Pernambuco, Ceará, Alagoas, Paraíba e Bahia. Este sucesso ocorre em função do preço baixo, do tom humorístico de muitos deles e também por retratarem fatos da vida cotidiana da cidade ou da região.

Os principais assuntos retratados nos livretos são: festas, política, secas, disputas, brigas, milagres, vida dos cangaceiros, atos de heroísmo, milagres, morte de personalidades etc.

Em algumas situações, estes poemas são acompanhados de violas e recitados em praças com a presença do público.

Um dos poetas da literatura de cordel que fez mais sucesso até hoje foi Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Acredita-se que ele tenha escrito mais de mil folhetos. Mais recentes, podemos citar os poetas José Alves Sobrinho, Homero do Rego Barros, Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva- vide artigo no Blog), Téo Azevedo. Zé Melancia, Zé Vicente, José Pacheco da Rosa, Gonçalo Ferreira da Silva, Chico Traíra, João de Cristo Rei e Ignácio da Catingueira.

Vários escritores nordestinos foram influenciados pela literatura de cordel. Dentre eles podemos citar: João Cabral de Melo, Ariano Suassuna, José Lins do Rego e Guimarães Rosa.

Cuíca de Santo Amaro foi o mais terrível poeta popular. Fazia denúncias contra corruptos e poderosos de sua época.Seria oportuno se tivéssemos um desses poetas no Brasil de hoje! Era amigo íntimo de Jorge Amado, que o incluiu como personagem em suas produções Tereza Batista, Cansada de Guerra e no conto A morte de Quincas Berro D’água.

Afinal, temos ou não um país de leitores?

Tudo isso não significa que o brasileiro lê. Significa que a literatura popular está longe de desaparecer e continua aí para, talvez, ser uma primeira opção na luta pela difusão da leitura no Brasil.

Literatura Oral

Faz parte da literatura oral os mitos, lendas, contos e provérbios que são transmitidos oralmente de geração para geração. Geralmente, não se conhece os autores reais deste tipo de literatura e, acredita-se, que muitas destas estórias são modificadas com o passar do tempo. Muitas vezes, encontramos o mesmo conto ou lenda com características diferentes em regiões diferentes do Brasil. A literatura oral é considerada uma importante fonte de memória popular e revela o imaginário do tempo e espaço onde foi criada. Muitos historiadores e antropólogos estudam este tipo de literatura com o objetivo de buscarem informações preciosas sobre a cultura e a história de uma época. Em meio a ficção, resgata-se dados sobre vestimentas, crenças, comportamentos, objetos, linguagem, arquitetura etc.

Podemos considerar como sendo literatura oral os cantos, encenações e textos populares que são representados nos folguedos. Exemplos de mitos, lendas e folclore brasileiro: saci-pererê, curupira, boto cor de rosa, caipora, Iara, boitatá, lobisomem, mula-sem-cabeça, negrinho do pastoreio.

Literatura de Cordel é uma modalidade impressa de poesia, original do Nordeste do Brasil, que já foi muito estigmatizada, mas hoje em dia é bem aceita e respeitada, tendo, inclusive, uma Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Devido ao linguajar despreocupado, regionalizado e informal utilizado para a composição dos textos essa modalidade de literatura nem sempre foi respeitada, e já houve até quem declarasse a morte do cordel, mas ainda não foi dessa vez.

A cada dia os textos são mais valorizados por todo o Brasil e pelo mundo. Os textos são publicados em livretos fabricados praticamente de forma manual pelo próprio autor. Eles têm geralmente 8 páginas mas podem ter mais, variando entre 8 e 32. As páginas medem 11x16cm e são comercializadas pelos próprios autores. Há alguns livros publicados, mas no geral a venda acontece dessa maneira. Leandro Gomes de Barros e João Martins de Atahyde são dois dentre os primeiros poetas; e estes já possuem livretos publicados por editoras, sendo vendidos e reeditados constantemente. Não há como contar a quantidade de exemplares, pois a cada tiragem milhares de exemplares são vendidos.

Assim como muitos itens dos que compõem a nossa cultura, a literatura de cordel tem origem em Portugal. Os autores das poesias se denominam trovadores e geralmente quando as declamam são acompanhados por uma viola, que eles mesmos tocam.

No Brasil prevalece a produção poética, mas em outros locais nota-se a forte presença da prosa. A forma mais freqüentemente utilizada é a redondilha maior, ou seja, o verso de sete sílabas poéticas. A estrofe mais comum é a de seis versos, chamada sextilha. E o esquema de rimas mais comum é ABCBDB.

Os temas são os mais variados, indo desde narrativas tradicionais transmitidas pelo povo oralmente até aventuras, histórias de amor, humor, ficção, e o folheto de caráter jornalístico, que conta um fato isolado, muitas vezes um boato, modificando-o para torná-lo divertido. Ao mesmo tempo em que falam de temas religiosos, também falam de temas profanos. Escrevem de maneira jocosa, mas por vezes retratam realidades desesperadoras. Outra característica é o uso de recursos textuais como o exagero, os mitos, as lendas, e atualmente o uso de ironia ou sarcasmo para fazer críticas sociais ou políticas. Usar uma imagem estereotipada como personagem também é muito comum, às vezes criticando a exclusão social e o preconceito, às vezes fazendo uso dos mesmos através do humor sarcástico. Além dos temas “engajados”, se assim podemos chamá-los, há também cordéis que falam de amor, relacionamentos pessoais, profissionais, cotidiano, personalidades públicas, empresas, cidades, regiões, etc.

Uma das características desse tipo de produção é a manifestação da opinião do autor a respeito de algo dentro da sua sociedade. Os cordéis não tem a característica de serem impessoais ou imparciais, pelo contrário, na maioria das vezes usam várias técnicas de persuasão e convencimento para que o leitor acate a idéia proposta.

Ai! Se sêsse!…

Autor: Zé da Luz

Se um dia nós se gostasse;

Se um dia nós se queresse;

Se nós dois se impariásse,

Se juntinho nós dois vivesse!

Se juntinho nós dois morasse

Se juntinho nós dois drumisse;

Se juntinho nós dois morresse!

Se pro céu nós assubisse?

Mas porém, se acontecesse

qui São Pêdo não abrisse

as portas do céu e fosse,

te dizê quarqué toulíce?

E se eu me arriminasse

e tu cum insistisse,

prá qui eu me arrezorvesse

e a minha faca puxasse,

e o buxo do céu furasse?…

Tarvez qui nós dois ficasse

tarvez qui nós dois caísse

e o céu furado arriasse

e as virge tôdas fugisse!!!

FIM


Fonte: Arte e Cultura Brasil

FESTA DA INTEGRAÇÃO NORDESTINA INICIA HOJE


Inicia hoje, à noite, a 4ª Edição da Festa da Integração Nordestina , em Mojui dos Campos.

A festa tem como  objetivo resgatar a história do povo nordestino, sua cultura e seus costumes.

O evento reúne visitantes de Santarém,  turistas estrangeiros, autoridades e personalidades do mundo político local, e inicia  a partir de hoje, 30 de junho (5ª feira) e vai até  02 de julho (sábado).

A 4ª edição da Festa da Integração Nordestina é uma iniciativa da prefeitura de Santarém, sob organização da secretaria municipal de Cultura (SMC), com apoio de comunidades de Mojuí dos Campos.


A programação da festa constará de apresentações culturais, literatura de cordel, torneio de futebol de campo, danças e comidas típicas do nordeste, exposição de fotografias, gincana, concurso de Forró, concurso de Humor e shows com Luana do Crato (humorista), no dia 1º de julho, e da Banda Forró Saborear, no dia 02 de julho.

Amanhã, no segundo dia do evento (1º/07), haverá palestras sobre Educação Ambiental pela secretaria municipal de Meio Ambiente (SEMMA), às 14h; de Educação no Trânsito, pela secretaria municipal de Transporte (SMT), às 17h; inauguração do Infocentro de Mojuí dos Campos, na escola municipal Fernando Guilhon, às 19h; e programação cultural e shows a partir das 20h30.

Para o encerramento, no dia 02 de julho, a partir das 8h haverá torneio de futebol, no Campo do Vila Nova; a partir das 9h no campo Nogueirão, terá recreação e oficinas de coral, cerâmica e reciclagem; às 19h30 haverá a apresentação de danças nordestinas; às 20h concurso de humor; 21h30 concurso de forró; 23h premiação e 00h00 show com a Banda Forró Saborear.

(Fonte: PMS)

PROCURA DA POESIA


Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

Drummond (1902 - 1987)