O sentimento que somos, acolhe o tempo, perpetua o sempre,
distrai o imaginário, guia o espírito e sorri. Enquanto houver sentimento,
haverá inovações, renovações, versos, muitos versos, para com eles nos
decifrarmos.
Há sentimentos que morrem com a aurora, há sentimentos que
perduram por noites inglórias, há aqueles que nos fazem perder a hora, o
trabalho, a escola...Há sentimentos plausíveis, há sentimentos resgatáveis, mas
há aqueles também perdidos no passado, sem futuro, em luto, embriagados.
A alma nos traz sentimentos, e com eles elaboramos o pensar:
o momento de acordar depende da cor do dia. Sentimentos são mutáveis mas não
são mensuráveis, nem tampouco dispensáveis. E o viés de um sentimento pode
variar cem por cento, conforme aquilo que o instante irradia.
Assim, sentir é pensar duas vezes, pensar os fatos, a
realidade, e pensar cá conosco, com nossos botões, aquilo que fica entre nós e
as paredes. Para ficar mais claro: sentir é como arremessar uma rede, pesca de
todos os tamanhos. O primeiro pensamento é pujança, peixe para alimentar as
crianças, a senhora, por semanas. O pensamento seguinte é o ato em si. Jogar
fora a raia miúda, aqueles fora de época, os pequenos, os filhotes, os sem
sorte, aqueles que aguardam apenas a morte...e por aí vai...
Sentir , afinal, é colorir um pouco a visão, perder um pouco
o domínio do chão e fluir, rumo às lonjuras do porvir...
Marcos André Carvalho Lins · Recife, PE
Fonte: Overmundo
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