As revistas de maior circulação
nacional que tratam de assuntos e de notícias de atualidade no Brasil
consideram Papa Francisco uma figura pública especial e positiva, mas acentuam
os problemas que ele deve enfrentar na visita que começa nesta segunda-feira,
22 de julho, como parte da JMJ 2013, no Rio de Janeiro.
A revista VEJA traz uma capa
light em tom azulado com uma manchete de encher os olhos: “O Papa dos pobres”.
A manchete faz uma advertência sobre esse período que se vive no País: “O
significado de ter Francisco entre nós em um momento explosivo para a Igreja
Católica e para o Brasil”. A matéria, no entanto, é mais amena. Escrito por
Adriana Dias Lopes e Helena Borges, de Roma, o texto toma duas perspectivas: as
mudanças que o comportamento do Papa está sugerindo para a Cúria Romana,
considerando até que os membros da organização maior da Santa Sé terão uma
semana “de folga” com a viagem ao Brasil e a situação já amplamente debatida da
queda do número de católicos no Brasil aplicando essa situação particularmente
aos jovens.
A matéria dá voz aos jovens
católicos e traz a opinião de 42 deles. Gustavo Nunes, um jovem de 17 anos que
mora em Goiânia (GO), um dos escolhidos pela revista diz que “a Jornada é uma
oportunidade única para jovens católicos mostrarem ao mundo a força que ainda
têm”. O desejo do Papa de ir ao encontro dos pobres, destacado por veja, tem
uma ilustração: “O Papa também quis conhecer de perto uma comunidade pobre:
assim, vai rezar missa na pequena capela da recém-pacificada favela da
Varginha, no complexo de Manguinhos, Zona Norte do Rio”.
Parte do grupo Globo, a revista
ÉPOCA preferiu ser mais didática em relação ao significado da visita e estampa
numa capa onde se vê o Papa de perfil: “10 lições de vida do Papa”. E resume o
momento do seguinte modo: “O Papa que chega ao Rio de Janeiro nesta
segunda-feira, dia 22, é um líder capaz de fazer o país repensar. No Brasil de
2013, que saiu às ruas em protesto contra o descaso de seus governantes, é o
homem certo na hora certa. Seu exemplo de humildade e dedicação aos que sofrem,
associado ao desprezo por luxo, conforto e privilégio, constitui uma espécie de
repreensão silenciosa aos arrogantes que, no poder, agem como se tivessem
direito a tudo. O exemplo de Francisco não mudará radicalmente o Brasil e nem
tocará o coração de todos os brasileiros. Mas ele é capaz de inspirar e ensinar
os que estiverem prontos a ouvi-lo”.
Entre as 10 lições propostas pela
revista como ensinamentos dessa visita do Papa está um convite para que a
pessoa “Viaje pela vida”. E fundamenta: “Francisco é desapegado, e isso lhe
permite, nas palavras dela, “viajar leve pela vida”. Anda a pé, pega transporte
público e, quando cardeal, não tinha carro oficial nem motorista. Esse voto de
pobreza, diz o teólogo Altmayer, não é algo triste, pelo contrário. ‘Quem tem
pouco é mais livre, mais feliz’, diz. Talvez essa fórmula não valha para
todos”. E outra lição seria de que o Papa “Dá importância aos valores”: “Em
lugar do apego aos bens materiais, o papa Francisco tem valores. Desde a
infância, sua biografia está repleta de elementos que demonstram isso. Ele
começou a trabalhar aos 12 anos, porque seu pai considerava o trabalho
essencial. Guardou isso com ele. Música e literatura também são paixões
precoces que ele cultiva até hoje, como elemento essencial da existência. Da
ética religiosa dos jesuítas, a ordem religiosa a que Francisco pertence,
extraiu a decisão de levar uma vida modesta, dedicada aos necessitados. Ele
acredita que ajudar os pobres enriquece objetivamente a vida das pessoas. Nem
todos estão dispostos a viver assim, movidos pelo senso de missão e pela arte,
mas o exemplo de Francisco deixa claro que um punhado de convicções, gostos e
atitudes simples podem, muitas vezes, ser mais importantes que um vasto
patrimônio. Ao longo da vida, somos capazes de guardar coisas mais valiosas que
os nossos bens”.
A revista ISTOÉ, na edição de 17
de julho, não se ocupou em expor quem o Papa Francisco é, mas preferiu mostrar
“quem é o novo católico que espera o Papa”. Na matéria trata da simplicidade do
Papa, mas destaca que “a mensagem que o Papa divulgará durante a JMJ, acreditam
religiosos e estudiosos ouvidos por ISTOÉ, deverá ser um apelo para que os
jovens valorizem menos as coisas materiais e fortaleçam os laços espirituais. O
jornal espanhol "El País" noticiou que Francisco vai falar sobre as
manifestações que estão acontecendo em todo o Brasil e afirmará que as
‘demandas levantadas por maior justiça não contradizem o Evangelho’. O
arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, também presidente do Comitê
Organizador Local (COL) da JMJ, disse à ISTOÉ que não sabe se os protestos
estarão ou não no discurso papal, mas como a CNBB se posicionou de forma
favorável às manifestações, o santo padre deverá seguir o mesmo caminho”.
A matéria da Istoé ainda
complementa citando que “o padre Luís Correa, professor da Pontifícia
Universidade Católica do Rio e jesuíta lembra que ‘o papa já disse em outras
ocasiões que o cristão tem que se meter na política, não pode lavar suas mãos’.
A proximidade entre argentinos e brasileiros também pode ser explorada. ‘Somos
países de injustiças, que passaram por regimes de exceção, que querem uma
Igreja voltada para o despojamento’, afirma o arcebispo de Manaus, dom Sérgio
Castriani, que esteve com o papa recentemente”.
A revista CARTA CAPITAL,
reconhecidamente dona de uma linha política mais crítica, traz uma capa
positiva: “O papa renovador. Francisco vem ao Brasil e aos cem dias de
pontificado já deu muitos passos à frente”. A revista analisa, com acentos bem
políticos, o trabalho do Papa e entrevista Leonardo Boff que apresenta
expectativa sobre a visita: “Ele (Papa) fez uma declaração corajosa em Roma,
dizendo que os políticos têm que escutar os jovens na rua; que a causa dos
jovens é legítima, justa e que estaria em conformidade com o evangelho. Eu acho
que ele vai fazer uma convocação crítica aos políticos, para que eles não sejam
mais corruptos e passem a servir mais ao povo. E vai fazer um desafio aos
jovens de continuar a transformação da sociedade, mas sem violência. E aí
exclui todos esses vândalos que nos últimos dias mostraram uma violência
absolutamente injustificável e estúpida”.
Fonte: CNBB
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