Muitas mulheres estão “sozinhas” hoje, por opção, sem medo
de suposições de mentes empobrecidas ou do julgamento de uma sociedade
hipócrita. Estar sozinha (no quesito homem) não é exatamente ser sozinha, até
porque há muitas pessoas (creio que a maioria) que possuem um marido, namorado,
amásio e não possuem um companheiro, cúmplice e amigo.
O homem, no sentido
geral, é um eremita em potencial, perdido em seus próprios pensamentos e
anseios, somos difíceis de sermos abastecidos para nos sentirmos plenos, e
relações a dois só seriam gratificantes se nos fizessem crescer com sentimento
de plenitude, numa sintonia bem maior, que vai muito além da cama. Entendo que
esse tipo de pensamento é perigoso e que pode nos tornar egoístas por demais,
no entanto, a evolução feminina tem se baseado na observação desse tipo de
comportamento no gênero masculino, que assim determinou e viveu durante
séculos. Nossa submissão só serviu aos homens enquanto apoio e muletas para
suas ascensões e segurança. Ficamos com a procriação, a criação dos rebentos,
as responsabilidades domésticas vitais para garantirem aos “companheiros” a
confortável e aconchegante continuação dos cuidados maternos que sempre
objetivou e garantiu a liberdade masculina de “alçar voos”.
Com o passar dos tempos, descobrimos as asas em nós mesmas,
percebemos que somos saturno e não o anel. Em decorrência disso a sociedade se
transformou. Há mulheres que, infelizmente ainda se perdem por esses labirintos
da autovalorização pelas dificuldades que temos em lidar com o amor romântico,
presente em muitos homens, todavia sem forças suficientes para vivê-lo, compreendê-lo
e aceitá-lo. A visão masculina, primeiro de deslumbra com uma linda gaiola,
almeja, para depois então, ali depositar o mais belo pássaro que encontrar, uma
mulher. A gaiola é dele, o pássaro também, claro que com as asas podadas para
servir a um proprietário com liberdades plenas sobre a gaiola, com absolutas e
“merecidas” liberdade de ir e vir.
Isso tudo não existe mais, ou tende a se extinguir. Não
queremos mais chefes, patrões e muito menos algozes. Somos quase absolutas, não
fosse o amor romântico. Estamos nos apurando, sendo mais exigentes e, por
conseguinte cada vez mais apostando em uma mulher consciente só ( sem homem) do
que em uma mulher consciente , mal amada e submissa. Não aceitamos mais andar
atrás do homem que nos diz amar, ou estamos lado a lado ou estamos conosco, na
melhor das companhias. Como sempre digo a mim mesma: Eu, comigo, fazemos um par
perfeito!
Mediante essas questões, hoje muito claras aos meus olhos,
concluo, eu não preciso de um homem porque:
- Lavo minhas roupas, passo, cozinho para mim mesma e minhas
filhas e sei fazer todo o trabalho doméstico;
- Trabalho, pago minhas contas;
- Tenho o melhor, mais verdadeiro e fiel amor que é o das
minhas duas flores;
-Nunca enxerguei relacionamento a dois como uma forma de
“degrau social ou econômico”, o preço a se pagar seria alto demais e minha vida
não tem preço;
- Não preciso dar satisfações do que faço a ninguém e tudo o
que faço é responsável e assumido;
- Saio para onde quero, com quem eu quero e a hora e dia que
quero, não tenho horários para a minha volta;
- O meu cabelo é meu, portando o deixo da maneira que me
agrada, da cor que me “dá na telha”;
-Visto o que gosto, no comprimento que acredito ideal e me
satisfaz, me amo diante de meu espelho, aprovação ou desaprovação, só minha;
-Cozinho para mim e minhas filhas, que possuem toda a
liberdade de fazerem o mesmo quando qualquer coisa não lhes agrada;
-Meus amigos são os que eu escolho, e somos amigos por
afinidades, respeito, apreciações, apoio e companheirismo (na alegria e na dor,
na doença e na saúde, na pobreza e na riqueza);
-Não tenho que suportar “ataques” de ciúmes, cobranças a
respeito do meu jeito de ser e nem enfrentar brigas e discussões que na maioria
das vezes só servem para gerar medo, desconfianças e criar recalques e
“mágoas”;
- Tenho uma convivência intima e satisfatória comigo mesma,
não me machuco, não me recrimino, não me traio, não me critico porque estou mal
humorada, triste ou brava. Não me humilho e nem me deprecio;
-Trabalho com o meu crescimento espiritual e pessoal sem que
ninguém me puxe para trás, meus amigos, filhos, familiares e a mulher em mim só
me colocam para cima;
-Durmo em uma cama imensa, cheia de travesseiros e edredons,
só minha. Ventiladores, janelas abertas...Decido o meu melhor;
-Mantenho e preservo minha dignidade porque sou digna, sei
muito bem o que faço e não quero ninguém para puxar, empurrar ou carregar;
-Não preciso de um macho, sou bem resolvida e me conheço
mais e melhor do que qualquer um, embora, se precisasse, a fila é sempre grande,
cheia da oferta de subprodutos, já quase obsoletos, prejudicados pelo mau uso
num mercado perigoso que pode nos custar até a vida;
Essa talvez seja uma pequena lista, quem quiser acrescentar
mais coisas, fique à vontade, vemos a vida de várias formas, eu respeito todas,
mas meu dever é buscar sempre o melhor para mim mesma, pois de mim partem
vários outros universos .
Daí pode vir a pergunta: Ela não gosta de homens?
Respondendo: Adoro!!!! Conheço muitos maravilhosos,
admiráveis, mas não tive o privilégio de nenhum desses estar em minha vida.
Esse texto não é uma apologia à solteirice e nem uma declaração de “guerra” ao
homens, mas um relato de uma opção que eu creio como a ideal no momento, visto
que, tenho certeza , algum dia encontrarei o homem mais evoluído, menos egoísta
e transbordante da hombridade necessária para caminhar ao lado de uma grande
mulher ( sem falsas modéstias).
Enquanto ele não vem, me amar e viver intensamente cada
minuto maravilhoso que eu sei me proporcionar.
Lucy Correia
Fonte: Vila Mulher