Certificado
como tecnologia social em 2003 pela Fundação Banco do Brasil, método
inovador ajuda na educação inclusiva de jovens cegos. Em 10 anos, foram
distribuídos 7 mil kits para escolas e instituições de ensino
A ferramenta pedagógica Multiplano, desenvolvida
por um professor do Paraná, está revolucionando o ensino da matemática
para deficientes visuais no país. O método permite que alunos cegos
entendam conteúdos de matemática, como gráficos,
equações, funções e conceitos de trigonometria e geometria,
dificilmente compreendidos sem desenhos feitos pelo professor no quadro.
Com a ferramenta, os desenhos são feitos em uma placa perfurada, com
pinos e elásticos para formar, por exemplo, figuras geométricas
que permitem o toque dos estudantes.
A invenção foi certificada como tecnologia social pela Fundação Banco do Brasil em 2003. Em 10 anos, foram distribuídos sete
mil kits do método para instituições de ensino brasileiras. “A
Fundação BB valorizou a criação da tecnologia social e nos motivou a
continuar o desenvolvimento do projeto. A certificação, naquele ano,
ajudou na reaplicação da tecnologia, na organização
de cursos e na aquisição de materiais e apoio a professores que
participam do curso”, afirma Rubens Ferronato, professor e criador do
Multiplano.
Antes da certificação, lembra Rubens, os kits eram
ainda artesanais. “Todas as peças eram confeccionadas por mim. Na época,
eu já havia iniciado um trabalho com o material nas aulas em que eu
ministrava na universidade, onde os alunos faziam
uso, em especial um aluno cego. Eu utilizava o Multiplano para a
resolução das atividades de cálculos e ele concluía com êxito, da mesma forma que os demais alunos da classe”, diz Ferronato.
O método deu certo e, em uma década, vários
estudantes brasileiros foram beneficiados pelo Multiplano. Um deles é
Lucas Falcão Radaelli, primeiro aluno cego do curso de ciências da
computação da Universidade Federal do Paraná (UFPR). “A
ferramenta permite um meio de comunicação entre a pessoa cega e o
educador. O método dá voz a essas pessoas e a chance de elas aprenderem
mais”, avalia o jovem.
Para Ferronato, o trabalho de inclusão ajuda a
mudar a história desses estudantes. “Vejo os alunos cegos hoje
trabalhando em sala de aula da mesma forma que os demais estudantes. É
um prazer muito grande, como professor, conseguir transformar
a vida dessas pessoas”.
Iniciativas em educação também podem ser certificadas
O Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia
Social é a principal ferramenta da Fundação BB para identificar e
certificar essas tecnologias que ajudam a transformar a realidade das
pessoas. Neste ano, a educação volta a ser um dos temas
que serão premiados pelo Prêmio, por meio da categoria Instituições de ensino, pesquisa e universidade.
Serão identificadas tecnologias sociais
desenvolvidas por entidades de ensino que tenham propiciado a inclusão
socioprodutiva dos participantes, como é o caso do Multiplano, o
primeiro projeto paranaense a ser certificado pela Fundação
BB.
As inscrições para a 7ª edição estão abertas até 31 de maio no site
www.fbb.org.br/ tecnologiasocial
Fonte: FBB