quarta-feira, novembro 30, 2016

NÃO HOUVE ESPETÁCULO...

A imagem foi apagada,
A câmera foi desligada.
O grito do gol foi silenciado, antes do final.
O texto virtual foi deletado, sucumbiu com o pensamento.
O teste de transmissão deu curto, os fios foram cortados.
A reportagem ficou só no off, não foi gravada.
A fotografia ficou na câmera, não foi revelada.
A manchete de capa, nem deu tempo para escrever, foi rasgada.
A direção da melhor reportagem, ficou rascunhada.
O destino cessou o tempo, calou sentimentos.
As imagens registradas jamais serão editadas.
O sangue nas veias que dá vida ao jornalismo,
Pintou de vermelho o chão do acaso.
A única adrenalina sentida foi do tombo inexplicável.
A riso deu lugar às lágrimas , a alegria à dor.
Na fatalidade,  não houve  tempo  para  dar o furo.
O microfone ficou sem bateria, deu pane.
A câmera ficou sem brilho, sem foco.
Não deu tempo de coletar a melhor imagem.
Todo o projeto da mente adormeceu
Não teve metáfora para compor o jogo.
Não teve aquele agito da vitória,
Nem a curiosidade da derrota...
O jogo nem começou e terminou.
Sem placar! Sem prorrogação!
Os refletores se apagaram
O estádio ficou escuro...
Ficou tudo confuso, uma enorme aglomeração!
Foi chato! Dessa vez não tinha torcida, nem aplauso!
Não teve jogo! Nem cobertura!
A pauta foi extraviada...
A arquibancada se desmoronou...
Não houve espetáculo!
Dessa vez,  não foram os torcedores,
Mas foram os jornalistas  que partiram.
Trocaram de lugar e paginaram as manchetes no mundo...
Não era essa a intenção, mas Deus quis assim.
E eles foram fazer reportagem no céu!!
Jornalismo é assim sempre a mais pura adrenalina!
É algo de paixão! Coisa do coração!
Um ato feito com ardor!
Morrer em plena missão é morrer por AMOR!


Socorro Carvalho


Imagem  da internet

Com esse  texto,  presto minha homenagem aos colegas jornalistas que faleceram na madrugada de ontem, na Colômbia,  no acidente de avião que levava o time Chapecoense. Fazer comunicação é uma delícia. Cada transmissão é sempre uma nova emoção. Portanto, mesmo que tenha tido muita dor, certamente,  eles morreram na missão e isso já os fez seguirem cheios de alegria e gratidão. 
" Ele parecia desenhar a paisagem com sua câmera" (JN -29/11). Assim é um bom profissional, faz tudo com a alma e o   coração e ontem cada um deu o melhor que tinha em si, a vida.  

2 comentários:

  1. Égua, Socorrinho. Fui às lágrimas com teu lindo texto. Esse sentimento é flórida....

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  2. Parabéns! Meu respeito à grande poetisa que há em você.

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Agradeço sua visita, com breve retorno!! Seu comentário vem somar mais versos em minhas inspirações... grande abraço. Se quiser pode escrever diretamente para o meu email: socorrosantarem@gmail.com