Era segunda feira, na escola, a sala estava cheia de meninos
e meninas no meu primeiro dia de estágio em sala de aula. Do lugar aonde estava conseguia ver um monte de rostos
estranhos com olhares curiosos e
sorrisos “tímidos” e observadores calados(as). Porém, não por muito tempo, logo
a turminha estava de volta com todo vigor da juventude, seu excesso de energia
e ânsia de viver e descobrir o mundo. A professora centrada nas atividades
iniciou sua aula, de Língua Portuguesa, com todo entusiasmo que é peculiar a
uma boa professora, em sala de aula. Ainda assim, as conversas paralelas lhes eram
motivos para uma breve pausa, para um chamado de atenção que se findava com um
silêncio instantâneo. Mas que logo era
quebrado e todas as conversas se iniciavam, outra vez...
Enquanto a aula de Português continuava...
Nos bastidores, da sala, algo diferente se passava e eu apenas observava...
Sentado na cadeira da frente, na fila do meio, um menino sem
se importar com a aula propriamente dita (produção de texto) apenas se concentrava em sua produção textual particular, pois apenas se preocupava em rascunhar
alguns escritos no papel e sob o porta cadernos da cadeira, que sentava, com as
mãos ágeis transformava o papel em bolas de papel amassado e que logo eram
jogadas, discretamente, para as duas meninas
que estavam sentadas no final da fila.
O mais engraçado era que a cada bola de papel recebida as
duas meninas se enchiam de doces sorrisos e dessa forma o recado era logo respondido
e devolvido ao pequeno menino, que ao abrir a bolinha esboçava um grande
sorriso. O fato foi me deixando curiosa apesar de estar sendo feito no local
errado, a sala de aula, era uma troca bonita que parecia envolver bons motivos
e bobos sentimentos de adolescentes, mas de alguma forma parecia ser bonito,
pois em cada vez que a bolinha ia ou chegava era sempre uma festa nos sorrisos
e olhares...
A aula terminou e a última bola de papel que recebeu o menino
permaneceu com ela em uma das mãos, como se o ultimo recado fosse precioso
demais para ser descartado.
E com ele levou a bola de papel amassado com o seu último recado...
Resultado...
As duas meninas saíram logo, mas ele permaneceu na sala até
produzir a atividade que estava atrasada, mas ficou feliz e sempre com a
bolinha de papel na mão. Penso até que ela o serviu de inspiração, pois
rapidinho ele construiu o texto e foi liberado para ir pra casa...
Bendita adolescência que se permite a liberdade de viver intensamente a
imaginação e as bobagens da idade...
Socorro Carvalho