segunda-feira, novembro 20, 2006

ZUMBI DOS PALMARES


Zumbi dos Palmares, permanece no imaginário popular com inúmeras versões, todas elas falando da escravidão onde sobressai-se um escravo rebelde, que se impõe na história fazendo história.

Magro, baixo, negro, o coroinha toma a benção do padre Antonio Melo. Antes de deitar, repassa a lição de latim e combina com o religioso as tarefas do dia seguinte. Ao amanhecer, porém, o pároco de Porto Calvo não encontra mais o adolescente de 15 anos.

Embrenhando-se na mata virgem, o jovem percorre 120 quilômetros a pé Ávido por alcançar seu lar, o "Quilombo de Palmares", uma poderosa federação de escravos fugitivos fundada no sertão nordestino.
Foi de lá que Francisco, depois Zumbi, escapara anos antes, para escapar da morte durante um ataque inimigo.
Cerca de 50 mil negros habitavam um rosário de aldeias (mocambos) que se estende quase que a totalidade da atual Alagoas. O território era pontilhado de ricas lavouras. Um Conselho de Chefes cuidava das leis e governava. Á frente deste conselho, com status de rei, está Ganga Zumba, tio de Zumbi.

O sobrinho do soberano, herdeiro do seu poder, não demora a dar mostras de seu valor.
Antes dos vinte anos, torna-se comandante das armas.

A guerra canalizava boa parte dos esforços do quilombo. Exércitos encarregados pelo governo de destruir a federação e devolver os escravos a seus donos são rechaçados constantemente. A cada novo ataque, enfraquecia Palmares. Uma investida bem sucedida dos portugueses, em 1678, leva Ganga Zumbi a assinar um acordo desvantajoso, pelo qual apenas os nascidos no quilombo preservariam a liberdade. Zumbi não aceita as condições e se rebela. Quer o fim da escravidão e decide continuar a luta.

Com o envenenamento do tio, torna-se lí
der e resiste heroicamente durante 14 anos.
Em 1691, porém, o bandeirante Domingos Jorge Velho é encarregado de chefiar a mais poderosa das expedições já armada contra Palmares.
Entretanto,
durante três anos sustenta investidas violentas, até que dois tiros atingem Zumbi.
Depois de um século, um sonho de liberdade chega ao fim.

Quando o nasce o sol, o campo está coberto de cadáveres.
Zumbi não é identificado.
Teria mesmo Zumbi tombado?
O enigma só é desvendado dois anos depois.
Os bandeirantes aprisionam Soares, um ex-quilombola.
Torturado, o negro revela que o líder sobrevivera e leva os soldados até o esconderijo.
Zumbi luta, fere vários, mata um.
Cai morto ba manhã de 20 de novembro de 1695.
Sua cabeça é cortada e exibida no Recife,
para servir de advertência aos negros.

Zumbi
era descendente dos guerreiros imbangalas
ou jagas de Angola e nasceu por volta de 1655 em um mocambo do quilombo.
A palavra Zumbi significa "Deus negro de alma branca".

Zumbi dos Palmares foi comandante político-militar,
herói mítico, símbolo de esperança, e uma pessoa a quem se referiram como "Espártaco Negro Brasileiro", "Mártir", e os escravos acreditavam ser imortal.
Zumbi é o arquétipo da resistência à escravidão,
a mais completa alienação e subserviência
à violência e aos poderes dos senhores do engenho.

O Brasil colônia foi responsável pelo maior translado humano da história,
importando quase 5 milhões de africanos.
Deste modo, a escravidão, gestou estruturas, moveu a economia e introduziu novos valores e conceitos da visão do mundo.

Hoje vivemos num país onde mais de 80 milhões de brasileiros
são negros ou descendentes deles.
Isso representa 60% da população o que nos torna o país com maior habitantes da raça negra fora do continente africano.
A cor negra sempre foi arquetipicamente associada à sombra e é de vital importância na interação étnica do Brasil.
Não aceitarmos nossa negritude é desvalorizar os preceitos morais de um país de mestiços.
Em Zumbi, mito e arquétipo coabitam.
Ele é símbolo nacional, um mártir guerreiro,
que revolucionou o mundo com seu sonho de liberdade.

A discussão sobre Zumbi
deve ser aprofundada como um instrumento da compreensão social e a história da questão do negro no Brasil.


O NEGRO NA SÉTIMA ARTE

A Raça Negra, vítima da tirania dos feitores e Senhores de Engenho, foi mitificada pelo povo.
É o caso de Anastácia (Rio de Janeiro) e o Negrinho do Pastoreio no Rio Grande do Sul.
O triste fim do Negrinho,
largado para ser devorado por um formigueiro,
foi filmado em 1973, pelo cineasta Antônio Augusto Fagundes,
com Grande Otelo no papel de Negrinho.
É um imperdível e grande clássico que retrata maravilhosamente o mártir negro da nossa história.
O cinema brasileiro
retratou muitos outros personagens como as mesmas características como: Ganga Zumba (1964) e o Quilombo (1985).
Em Quilombo tem como estrela máxima o nosso querido herói Zumbi,
que é escolhido pelo Criador,
que lhe envia do céu uma lança de fogo.
Ele torna-se, assim, um líder acima do bem e do mal,
superior a todos os outros negros.


E OS NEGROS CONTINUAM A HISTÓRIA....

O reconhecimento da importância da cultura negra no dia-a-dia nacional e de suas dinâmicas positivas como modelo civilizatório tem se expandido.
Sua essência musical,
a capacidade desse coletivo de transformar condições adversas
em fatores de desenvolvimento humano e alegria,
sua estética rica em diversidade, sua religiosidade inclusiva,
passam a ser percebidas no conjunto da nação
como elementos positivos da nossa diversidade.

A obra do negro no Brasil,
encontra-se também esculpida ao som dos tambores,
com a sabedoria das negras velhas e a elegância da capoeira.
Desde a época da campanha dos escravistas contra o quilombo de Palmares
ficou o registro do termo capoeira,
dos guerreiros das capoeiras e sua estranha forma de luta,
que tornava homens desarmados capazes de enfrentar
e vencer vários adversários.
O Mito e o Guerreiro Zumbi,
transcendem à sua pessoa e no correr dos séculos ecoam
como um símbolo de resistência à subjugação do homem pelo homem.
Que sua imagem
mantenha acesa a chama da esperança de um dia
podermos todos caminharmos de mãos dadas,
sem problemas raciais,
pelo alcance da união fraterna entre os povos.


Texto pesquisado e desenvolvido por

ROSANE VOLPATTO

Bibliografia consultada
Palmares, a guerra dos Escravos - Décio Freitas (Porto Alegre)
Zumbi - Joel Rufino Santos -SP
Integração do Negro - Florestan Fernandes.

Um comentário:

  1. No Dia Nacional da Consciência Negra gostaria aproveitar para denunciar o tipo de barbaridades que a Petrobrás tem incentivado. Já ouviu falar no “filme”

    Manual Para Atropelar Cachorros

    O protagonista deste “filme” de noite, para “relaxar”, atropela cachorros. Como a Petrobrás tem a covardia de patrocinar uma barbaridades dessas !? Mandei um e-mail de repúdio para a Petrobrás. Se puder faça o mesmo. Obrigado

    Marco Aurélio

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Agradeço sua visita, com breve retorno!! Seu comentário vem somar mais versos em minhas inspirações... grande abraço. Se quiser pode escrever diretamente para o meu email: socorrosantarem@gmail.com