EM SILÊNCIO...

Olho para o entardecer e a inspiração se afasta de mim.

Em meio a essa paisagem  sinto a saudade me olhando

Nela refletida a caricatura  do abandono.

A poesia se retrai e o poema já não rima o amor e a paixão.

O silêncio matou a voz, afogou a emoção.

Já não há nenhuma palavra a ser dita

Nenhuma explicação que possa acalentar essa solidão...

Por detrás de um olhar rápido e fugaz,
já não se consegue ver o brilho da sedução.

As frases e palavras foram todas esquecidas, num passe de mágica.

E a mágica que um dia nos uniu?

Na verdade, nunca existiu.
Foi utopia de poeta, puro ilusionismo, um ato circense...

Hoje, em um canto, qualquer, foi esquecido.

Já não há riso, nem alegria.

No palco da vida, já não há atração.

Até o poema feliz que fluia fácil

Está calado, retraído.

Perdeu-se no vazio da solidão e do abandono.

O poema de tão incompleto, já não interessa qual é a rima.

Os versos estão calejados

E as dezenas de quimeras , hoje, estão vazias.

A letra da  música preferida, foi esquecida.

A fragrância que invadia voraz o meu respirar foi substituída

Trocada por uma outra fragrância...

Para apagar qualquer indício ou vestígio.

E as promessas tão repetidas?

Pra onde foram?

Ah, essas foram as primeiras a serem banidas.

E talvez, já nem  lembre mais, quantas vezes foram ditas...

A face, outrora, com sorriso bonito e tão cativante

Hoje é tristeza e solidão, e de tanta distância

Já não alegra minha emoção.

Apenas diz em silêncio

Que tudo não passou de ilusão.

Loucura de um momento de paixão...(quem sabe)

E os sentimentos tão verdadeiros?

Ah, eles que se  danem mais uma vez.

Todos os vestígios precisam ser apagados, esquecidos.

Para que não haja retorno, nem recaída...

E mais uma vez, o coração é jogado, masacrado, largado, ...

Como se fosse um lixo foi descartado.

Outro vez o coração foi   machucado.

Jogado em um canto qualquer bem distante, abandonado ...

Ah, coração!

Quando vai aprender a se defender de pulsar tão  fugazes paixões?

Quantas perguntas sem respostas.

Quanta indiferença sem nehuma explicação...

Mas um dia se finda

O sol vai finalizando  seu espetáculo
Enquanto permaneço aqui

Perdida entre os lamúrios desse amor  que era minha bela inspiração...

Tomara que o tempo e o silêncio

Volte, um dia, e me traga de presente novamente 

Uma nova  inspiração para dar vida aos meus versos,

E encher de alegria e doçura minha eterna poesia.

Mas enquanto isso.

Prometo.
Nunca mais amar tanto assim...
Prometo.

Socorro Carvalho