Sem presa vou juntando os recortes da minha vida.
Em cada lugar encontro um pedacinho...
Uns são pedaços feitos de cores,
Outros nem tanto, estão opacos empoeirados.
Sacudo a poeira tento decifrar cada mensagem.
Algumas delas rasgo e descarto...
Outras limpo muito bem e guardo.
Saio pelas esquinas e em cada uma encontro um pedaço...
Com cuidado saio juntando, juntando, juntando.
Incrível como em cada pedacinho encontro resquícios inesquecíveis.
Uma hora aparece o beijo suave e sem malícia
Que um dia se derramou como mel, em minha boca.
Em outros momentos são pedaços de dor e tormento.
Mas são pedaços que não posso jogar fora.
Com eles construí páginas e em alguns momentos até me fortaleci.
Então por que me livrar deles?
Claro que não tenho pretensão de reler, nem reviver.
Mas é sempre bom guardar como contraste das cores.
E de alguma forma foram partes da minha história.
Nos bastidores encontro uma fragrância em cada pedacinho espalhado no piso.
E em meu respirar esses pedaços exalam esse cheiro que me faz embriagar.
Junto cada pedacinho com jeito e muito carinho.
E vou colocando um a um dentro do frasco do meu coração
Para o aroma não sair...
É o cheiro do amor, do meu amor, o único amor que meus sentidos conseguiram se apegar.
Olho as ruas e cada uma delas recortes voam no vento, rolam pelo chão...
Tento protegê-los para não se perderem...
Mas é inútil, são tantos que já não cabem mais em minhas mãos.
O vento forte passa veloz e egoísta nem percebe minha aflição.
E sem nenhuma culpa
Vai levando lembranças do meu viver,
pedaços da minha história,
recortes de você...
Socorro Carvalho
Que poema "giro", magnífico...!
ResponderExcluirAté me deu vontade de pintar o sete, ou melhor, pintar a vida com seus encantos. Unir esses recortes coloridos numa só sintonia.
Assim, com pingos de criatividade fazê-los mágicos e divinos aos nossos olhos e ao nosso coração.
Beijinhos de alguém distante, mas perto em pensamento.
Rô...