terça-feira, novembro 23, 2010

AMIGO MAIS LÍQUIDO DO QUE CERTO

Amigos (os verdadeiros) - quem diria - fazem bem à saúde. Isto porque, segundo a Ciência, a falta deles pode ser equivalente ao excesso de álcool ou aos danos do tabaco para o organismo.

Enquanto a tendência, sobretudo nos países ricos, é cultuar o individualismo e a solidão - aumenta a cada ano o número de pessoas que optam por morar sozinhas - já houve quem se antecipasse à revelação dos cientistas, providenciando a prestação de um serviço até então inédito: a 'locação' de um amigo. Alugue um, se V. estiver longe de casa, em terra estrangeira e precise dividir preocupações e obter boas dicas. Sobretudo se seu projeto for, por exemplo, o de mudar-se para... morar sozinho.

Há algum tempo, publiquei aqui sobre anúncio de uma mineira que, indo residir em São Paulo por razões profissionais, manifestou pelo jornal a urgência de amigos que a livrassem da solidão da cidade grande. O assunto rendeu até para uma repórter de TV, que me procurou depois de ler a crônica, pedindo-me depoimento a respeito.

Com a derrocada de valores que orientaram muitas gerações, banalizou-se também o amor e a amizade. Banalizou-se a vida. Todo mundo ama todo mundo e é amigo de todos. Esta pode até ser a verdadeira intenção para muitos. Porém se a natureza do amor é sacrifical - exige renúncia, entrega, comprometimento - a da amizade não fica tão distante. Amigos se fazem e se provam particularmente em momentos difíceis. São dádiva, tesouros que a vida nos dá.

Já se atribuiu ao cão, proverbialmente, as qualidades de verdadeiro amigo. Vinicius de Moraes aproveitou-se da frase e incluiu aí a bebida, ao escrever que se o cão é o melhor amigo do homem, então uísque é cachorro líquido. Na medida em que se constata o aumento da população canina no Brasil – assim como o crescimento vigoroso dos números que medem o consumo de bebida alcoólica – torna-se irresistível a tentação em medir a quantas anda nosso desempenho, quando o tema é o bom e duradouro relacionamento humano. Como pensamos, o que esperamos e como vemos os verdadeiros amigos. Aqueles, que atravessam conosco o desfiladeiro de armadilhas e desencantos a que chamamos convivência.

Caso isso fosse possível, talvez nos surpreendêssemos com um desencanto bem escondido, uma tristeza tênue, disfarçada de sorriso mal desenhado. E nos víssemos então tocando a vida em frente, em meio a fortes braçadas para não nos deixarmos sufocar por nossas próprias tramas.
 
                                                                                                                            Fonte: Blog Pretextos

Um comentário:

  1. Help, já estava com saudades das noticias no teu blog´. Sempre são proveitosas e muito reflexivas.
    Falando em Blog, visita o meu, comecei agora, não é lindo e perfeito como o teu, mas vou melhora-lo aos poucos. srsrsr
    http:/cor-da-magia.blogs.sapo.pt

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