Com o plebiscito para a criação dos estados do Tapajós e Carajás efetivamente aprovado, vem a questão: para que dividir o estado do Pará? Por que fazer o segundo maior estado em extensão territorial (atrás somente do Amazonas) se reduzir a uma área pouco menor que o estado de São Paulo? Por que levar o Pará a perder tantas de suas riquezas naturais? Enfim, várias são as questões colocadas diante disto. A discussão é acalorada, mas requer muito mais que o calor da discussão. O que pretendo aqui é apresentar elementos em defesa da criação dos novos estados, o quanto poderá ser melhor para todos (mesmo para quem é contra) e o que efetivamente irá mudar.
Em primeiro lugar, é fato: o paraense não conhece o Pará. Conhece seu município, sua região metropolitana, interiores próximos, até mesmo outros estados; quando muito visita esporadicamente outras áreas dentro do seu imenso estado. É mais fácil para um santareno conhecer Manaus que conhecer Belém, assim como para um belenense conhecer capitais nordestinas que conhecer Santarém. A proximidade é maior, em ambos os casos, embora o acesso de uma cidade a outra se faça em pouco mais de uma hora, via aérea. Talvez por este pensamento limitado ao seu próprio quinhão de terra, movimentos pró e contra a divisão territorial sejam tão acalorados.
Quantos, dos estimados 3 milhões de habitantes da região metropolitana de Belém, passaram ao menos um mês no oeste paraense? Se ficou em Santarém, deve ter ficado com uma péssima impressão da cidade: ruas esburacadas, locais públicos mal-cuidados, transporte urbano da pior qualidade, enfim, a sensação de abandono do poder público, apesar de ouvir falar pouco em assaltos, roubos, assassinatos e outros crimes típicos das urbes. Se foi para os interiores, deve ter visto projetos de mineração e agronegócios funcionando próximo a núcleos urbanos pouco desenvolvidos, embora com alguma infra-estrutura minimamente funcional em alguns casos.
Como pode um lugar com tanto a oferecer estar tão limitado? Recursos financeiros vindos da União levam em conta população, não extensão territorial. Os recursos anuais ao estado do Pará levam em conta os quase 7,5 milhões de habitantes de toda sua extensão, cuja maioria se concentra justamente na região metropolitana de Belém. O destino dos recursos é também proporcional: maior parte para onde há mais habitantes. Ora, oeste e sul paraenses são tão mais extensos e tão menos habitados que os benefícios que chegam aqui são inferiores à demanda. Parece justo?
O novo Pará, pós-divisão, vai perder? Nada mais que território. Não vai perder recursos destinados a ele, não vai perder soberania (que pouco tem a ver com extensão territorial), não vai perder identidade (vai continuar parte da Amazônia, vai continuar com sua vasta e incrível cultura, vai continuar com sua maravilhosa gente). Vai ganhar em administração com o menor território (melhor distribuição de recursos, efetivação das ações nos interiores), garantindo o que já há de bom e pode melhorar. Os novos estados, por sua vez, também ganham: melhor infra-estrutura, mais oportunidades de emprego (as populações locais poderão ter mais acesso a empregos que perdem para profissionais de outras partes do Brasil por falta de qualificação), além da possibilidade de deixarem de ser “cidades do futuro”, para desde o presente se desenvolverem.
Afinal, no que a vida dos habitantes do novo Pará vai mudar de fato com a divisão? Vão deixar de ter acesso aos benefícios da mterópole? Vão perder identidade cultural? Perder oportunidades de emprego? Creio que não vão perder nada mais que um pouco do orgulho de ser um grande estado, que, convenhamos, não tem sido nada vantajoso para nós. Nasci, cresci e formei minha identidade em Belém. Conheci pessoas de várias partes do Brasil com quem posso conversar como igual, indepentemente de onde veio. Há santarenos entre meus interlocutores favoritos, pessoas que formaram massa crítica apesar de todos os entraves de ser interior em desvantagem. Será que esta condição deverá permanecer para que continuemos formando massa crítica? Por que não abrir as mesmas oportunidades educacionais para todos? Educação também perde nessa situação...
Por fim, creio que, deixando de lado “bairrismos”, fatuidade política e discursos de soberania que remetem aos governos militares, podemos passar a nos enxergar de maneira mais igualitária. Do que nos adianta sermos todos paraenses se não nos entendemos? Todos irão continuar comendo bolo, só que dividido mais justamente e cada um com seu sabor favorito. A separação já existe: imprensa, comércio e indústrias locais são em sua maioria bem diferentes da metrópole. É só uma questão de efetivá-la. De que vale ser a castanheira que com sua sombra impede o crescimento de outras plantas, que não têm, mesmo crescidas, a menor condição de competir com a grande árvore? Por isso, sim, dividir para multiplicar.
Dércio Pena Duarte
Professor Assistente I
Universidade Federal do Oeste do Pará
Luiz - jornalista
ResponderExcluir CRIAR ESTADOS NA REGIÃO NORTE É NACIONALIZAR A AMAZÔNIA COM INVESTIMENTOS, é a presença do poder público na Amazônia brasileira.
Quero parabenizar , os senadores pela coragem de levantar um problema de segurança nacional e pensar em criar um pólo de desenvolvimento e segurança nacional. Essa região é absolutamente esquecida por nossas autoridades, um região onde vivem milhares de brasileiros que foram condenados ao isolamento e deixados em uma zona de fronteira sem a devida vigilância de fronteira. O desmando e a falta da presença do poder público nessa região fragilizada ao narcotrafico. Não se justifica em nosso país termos o Estado do Amazonas maior que muitos países vizinho ao Brasil, inclusive países da Europa e termos Estados pequenos como Alagoas e Sergipe.È preciso criar o Estado de Solimões para que essas cidades do extremo oeste do Amazonas sejam acolhidas com a presença do poder público. Assim como o Estado do Tapajós será uma realidade futura, o estado do Solimões também deve ter sua devida atenção.Basta vontade política para isso e confio na competência e articulação política que nossos deputados e senadores da amazonia darão força a este projeto criar o estado do Solimões e Rio Negro. Srs, levantem essa bandeira, crie o futuro do Brasil e dessa região.. Dê a oportunidade dos moradores dessa região decidir democraticamente em plebiscito e o desenvolvimento dessa região. É PRECISO PENSAR EM DIVIDIR O ESTADO DO AMAZONAS PARA CRIAR OS ESTADOS DO SOLIMÕES, COM CAPITAL TABATINGA E O ESTADO DO RIO NEGRO, COM CAPITAL TEFÉ.
Luiz - jornalista
ResponderExcluirSERÁ BOM PARA O PARÁ, SERÁ BOM PARA O BRASIL.
Não será uma separação porque pela geografia isso não é possível será uma
EMANCIPAÇÃO.
“A criação dos estados do Tapajós e Carajás é o maior projeto de desenvolvimento econômico do País que se discute hoje, temos que levar em conta os benefícios da região Norte e da Segurança nacional da Amazônia, acredito que esta estratégia que os municípios estão articulando, tem que ser feita urgentemente já que o nosso tempo é de seis meses, para a realização do plebiscito”,
O QUE VAI OCORRER É UMA EMANCIPAÇÃO E NÃO UMA SEPARAÇÃO..
ResponderExcluirO ser humano é muito egoísta, Pará, Tapajós e Carajás nunca vão se separar por questões geográficas. O que essa população que vive em situação miserável só deseja é se emancipar e construir um bem estar melhor, mais conforto, melhorias, infra estrutura, enfim um padrão de vida melhor. Todos irão crescer, o futuro Pará terá um PIB maior que os outros dois juntos. Não dá para ter uma região metropolitana de Belém desenvolvida e uma imensidão de território vivendo na miséria. Isso é egoísmo e ganância em detrimento do seu vizinho.
Viva o futuro Estado do Pará, Tapajós e Carajás em prol de um Brasil melhor. Todos tem o direito de melhores condições de vida e a emancipação vai beneficiar a todos. Foi melhor para Goiás e Mato Grosso e será melhor para desenvolver o Pará. Eu, friamente quero um país melhor e o melhor para essa região, é a emancipação dessa região. Por isso digo SIM.