O Conselho Indigenista Missionário afirma que há quase três
décadas os indígenas sofrem e morrem por causa de doenças como malária e
hepatites, de vários tipos, além da tuberculose e outras doenças que poderiam
ser evitadas com soluções fáceis
O Dia do Índio serve de reflexão para o que tem acontecido
aos povos indígenas no país, para tanto, o Conselho Indigenista Missionário
(Cimi), Regional Norte I (AM/RR), manifesta sua indignação do que acredita ser
omissão e do descaso do Estado brasileiro para com os povos indígenas. Segundo
o Cimi, no Vale do Javari, os indígenas estão morrendo em decorrência de
doenças para as quais o governo federal não presta a assistência devida
promovendo a prevenção e dotando as comunidades da estrutura necessária para
atendimento, controle e prevenção de doenças.
O Cimi afirma que há quase três décadas os indígenas sofrem
e morrem por causa de doenças como malária e hepatites, de vários tipos, além
da tuberculose e outras que poderiam ser evitadas com soluções mais fáceis, como
as verminoses que afetam as crianças. A população já decresceu 8% nos últimos
dez anos.
De um modo geral, a assistência à saúde dos povos indígenas,
de atribuição da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), se encontra em
estado precário em todas as regiões, relata o Cimi.
- “No Amazonas, isso se torna ainda mais grave devido às
dificuldades para alcançar as aldeias mais distantes. Em situação igualmente
precária encontra-se a educação. Na maioria das comunidades falta escola,
materiais didáticos, professores qualificados. A educação das crianças e jovens
é desenvolvida apenas pela boa vontade dos professores, alunos e demais
lideranças”, aponta o Conselho.
Em nota distribuída à imprensa, o Cimi afirma, que “causa
indignação a falta de sensibilidade do Governo Federal para com os povos que
habitam as terras afetadas pela construção de grandes projetos, como as
hidrelétricas de Belo Monte e o complexo Hidrelétrico do Rio Madeira. Nos
últimos anos, o povo brasileiro tem testemunhado o fracasso da realização de
grandes obras que, de concreto, tem servido para drenar recursos públicos
alimentar a corrupção em nosso país. Exemplo disso são estradas, hidrelétricas
– como a de Balbina -, e a transposição do rio São Francisco”.
Na concepção do Cimi, além do Executivo, os povos indígenas
sofrem prejuízos por ação do Legislativo e do Judiciário. “Na Câmara e no
Senado, os grupos anti-indígenas ganharam força nos últimos anos como
conseqüência das articulações políticas que transformaram o parlamento em balcão
de negócios e a questão indígena em moeda de troca, especialmente em razão do
interesse de grupos econômicos em se apoderar dos territórios indígenas”.
Para finalizar o Cimi destaca que “merece repúdio, ainda, a
morosidade do Poder Judiciário na solução de conflitos envolvendo o direito dos
povos indígenas aos seus territórios tradicionais. Uma das razões pelo
recrudescimento da violência e o avanço das forças anti-indígenas tem sido a
impunidade e a sensação de que o Judiciário usa dois pesos e duas medidas em
benefícios de latifundiários, grileiros e grandes empresas de agronegócios”.
O Cimi Norte I aproveita o momento para conclamar todos os
demais segmentos sociais a abraçar de forma solidária a causa indígena para
evitar que seus direitos sejam usurpados, abrindo-se, assim, as portas para que
outros setores tornem-se presa fácil do grande capital.
Fonte: A Crítica
Foto: Google
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