Fim de tarde, tudo prometia ser um final de tarde comum.
O fim do expediente de trabalho, a ida para a Universidade.
O trajeto da emissora até a ponto de ônibus e a bendita espera por um coletivo
que demora tempo para passar.
que demora tempo para passar.
A espera.
Olhar atento .
Pessoas que vem e que vão.
Pessoas que vem e que vão.
Roupas estranhas, outras não.
Mulheres, homens, crianças, jovens, anciãos...
Mulheres, homens, crianças, jovens, anciãos...
Enquanto isso, na minha espera, apenas observo.
De repente, lá vem aquela mulher.
De estatura baixa, vestindo roupa suja e
rasgada.
Ela traz nas mãos sacos, cheios de lixo.
A minha frente, uma lixeira.
De repente, para minha surpresa.
A mulher larga os sacos no
chão e se dirige até a lixeira, diante de mim.
O lixo arrumadinho em sacos, logo é espalhado, enquanto ela continua buscando, procurando.
Mexe daqui, remexe dali e de debaixo do
lixo,
ela arranca um saco branco com algo dentro e bem amarrado.
ela arranca um saco branco com algo dentro e bem amarrado.
Atenta, continuo observando.
Para minha surpresa, ela rasga o saco e de dentro retira um marmitex...
Para minha surpresa, ela rasga o saco e de dentro retira um marmitex...
E quando percebe as sobras de comidas, deixa
tudo de lado, agarra com garra a marmita e começa a comer a comida.A fome
parecia grande e em cada mordida parecia ser aquilo o melhor prato do mundo.
Que cena estarrecedora, aos meus olhos, naquele final de tarde.
De repente, minha saudade, minha preocupação com meu problemas se tornaram pequenos
diante daquele fato tão estranho.
Porém, tão comum em muitas realidades.
Porém, tão comum em muitas realidades.
Continuei a observar.
Pessoas passando de cá, pra lá, pra cá e nenhuma delas demonstrara tamanho susto feito eu.
E tive até a impressão que aquela cena era muito comum.
Pessoas passando de cá, pra lá, pra cá e nenhuma delas demonstrara tamanho susto feito eu.
E tive até a impressão que aquela cena era muito comum.
Enquanto a mulher se degustava com os
restos de comida retirados do lixo, eu apenas refletia.
Em minha mente muitas indagações.
Como se chamava aquela mulher? Maria? Antonia? Josefá?
Tem família? Não tem? De onde ela é? De onde veio?Não sei.
Como se chamava aquela mulher? Maria? Antonia? Josefá?
Tem família? Não tem? De onde ela é? De onde veio?Não sei.
Só sei que ela continua por ai, pelas ruas perambulando, juntando lixo para
comer.
Enquanto muitas vezes nos esquecemos de agradecer pelo alimento digno
que todos os dias está sobre a nossa mesa.
Enquanto muitas vezes nos esquecemos de agradecer pelo alimento digno
que todos os dias está sobre a nossa mesa.
Puxa, vida!
Então pensei...
Quanta injustiça ainda está inserida em nossa sociedade, quanta fome ainda existe apesar de todas as nossas riquezas.
Então pensei...
Quanta injustiça ainda está inserida em nossa sociedade, quanta fome ainda existe apesar de todas as nossas riquezas.
Seria só um fim de tarde comum...
se não tivesse ocorrido aquela cena brusca de miséria, tão perto de mim.
Muitas vezes reclamamos de tudo, enquanto muitos e muitas não têm nada.
se não tivesse ocorrido aquela cena brusca de miséria, tão perto de mim.
Muitas vezes reclamamos de tudo, enquanto muitos e muitas não têm nada.
Socorro Carvalho
Nossa amiga, acabei de ler o seu texto de final de tarde
ResponderExcluirestou sem palavras aqui .. estava até saboreando um picolé, que ficou entalado e sem gosto em minha boca, por perceber quão injustos somos ..infelismente
muitas vezes(maioria) essas cenas são "comuns"
e nós é quem fechamos os olhos para esta triste realidade.
É muito deprimente mesmo, nos depararmos com situações deste tipo, visto que, todos nós temos direito a uma vida digna!!! Isso pra mim é terrível.
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