sexta-feira, maio 25, 2012

REALIZANDO SONHOS




Entre os nossos maiores desejos nesta vida, sempre estão presentes os sonhos. Cada um de nós possui, dentro de si, algum tipo de sonho. Alguns são simples e fáceis de atingir, outros nos parecem muito distantes, como se fosse necessário um milagre para que acontecessem.

Nossos sonhos são reveladores da vontade que temos em experimentar algo novo: uma sensação, um momento, um local, uma emoção, uma realização, etc.

Todos expressam o nosso anseio em estar mais com a vida e o que ela possa nos oferecer. Contudo, nosso dia a dia algumas vezes parece nos frustrar em nossas expectativas, fazendo com que nossos sonhos fiquem cada vez mais distantes. Ouvimos tantas notícias ruins a respeito da nossa sociedade no que diz respeito a sua economia e convivência que, sem querer, vamos internalizando a crença de que nada possa dar certo – esta tem sido a armadilha que temos caído. Sem querer, temos assimilado as coisas da vida como fatalidades, com curto tempo de duração, como se tudo fosse efêmero.

Nessa caminhada, descrentes das coisas boas que a vida possa nos oferecer, vamos desanimando e ficando entristecidos por percebermos nossos sonhos cada vez mais distantes. E, cada um de nós, somado a outra pessoa, vamos proliferando a crença de que a vida é isto: viver cada momento ao máximo porque não acreditamos nas realizações que possam vir a acontecer.

É possível sim! Precisamos acreditar nos nossos bons desejos, na nossa intuição.Mas, talvez mais que tudo, parar de esperar que alguém faça algo por nós, que venha uma boa notícia, que recebamos um convite para o sucesso.Esta postura tem nos aprisionado no nosso Ego, naquilo tudo que cada um de nós quer para si e, por conseguinte, tem feito com que não percebemos as pessoas ao nosso lado, também com expectativas e sonhos.

Precisamos ser o sonho de alguém, seja através de uma atitude, uma doação de tempo  e carinho, mas, acima de tudo a possibilidade. Cada um de nós pode ser um meio  facilitador para que alguém alcance seus sonhos. Se assim o fizermos,
estaremos criando a corrente do bem na realização dos sonhos de todos nós. 
Seja o seu sonho uma possibilidade, seja você o olhar essencial para o sonho de alguém.

Domício Brasiliense


UNIVERSITÁRIAS TIRAM BLUSAS EM APOIO À GREVE DE PROFESSORES NO AM

Universitárias tiram blusas em apoio à greve de professores na Ufam
 (Universidade Federal do Amazonas)

Estudantes que apoiam a greve dos professores da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) protagonizaram nesta quinta-feira um ato inusitado em frente ao campus, na zona centro-sul de Manaus. Durante uma performance, sete alunas tiraram as blusas e escreveram sobre os seios letras da palavra "educação". Nas costas, escreveram a palavra "indignação".


Um menino de 10 anos, filho de uma das estudantes, aparece na foto. No ato, elas pronunciaram a frase: "Educação sem ação é igual a indignação". Dois homens também aparecem na imagem.



Uma das idealizadoras da performance, Thaís Souza, 19, é estudante do curso de letras do ICHL (Instituto de Ciências Humanas e Letras). Ela aparece na foto com uma bandana estampada na cabeça.



Segundo a estudante, a performance foi baseado no teatro mudo. "A nudez foi um ato egocêntrico, uma afronta, um modo de chamar atenção para toda educação morta e imunda que a gente está vivendo dentro da Ufam", afirmou.

Universitárias tiram blusas em apoio à greve de professores na Ufam (Universidade
Federal do Amazonas



O estudante do curso de ciências sociais Douglas Machado, 21, foi responsável por fotografar a performance. Ele disse que a criança, que aparece na foto, tem 10 anos. É filho da estudante que aparece ao lado do menino. "Ele quis participar e a mãe deixou. Não impedimos", disse.

A greve na Ufam começou em 17 de maio. Segundo a Adua (Associação dos Docentes da Ufam), dos 856 professores associados da entidade, 80% aderiram a greve.

Jacob Paiva, professor da Faculdade de Educação e vice-presidente regional da Andes-SN, afirmou que a performance das alunas foi um ato autônomo. "É uma forma de protestar, e a juventude usa o corpo para passar suas mensagens. Nós vemos como uma liberdade de expressão, política e cultural", afirmou.

Paiva disse que, além das reivindicações, como reestruturação da carreira docente e reposição salarial, há na pauta local da greve pedidos de melhores condições de trabalho. "Falta água tratada, banheiros adequados, livros atualizados, segurança, energia e internet. Isso desmotiva cada vez mais o trabalho dentro da universidade", afirmou.

Segundo a Ufam, por meio de sua assessoria de imprensa, a instituição tem mais de 1.900 professores e 28 mil alunos. Em cinco municípios do Amazonas existem campus onde estudam cerca de 8.000 alunos e trabalham 300 professores.

A Ufam disse que não aderiram à greve as faculdades de direito e medicina. Ainda segundo a assessoria, a reitora Márcia Perales já tomou conhecimento do ato em que as estudantes tiraram as blusas, mas se pronunciará sobre o fato nesta sexta-feira (25)


Fonte: Bol


SABEDORIA INDÍGENA


UM ANO APÓS EMBOSCADA DE MARIA E ZÉ CLÁUDIO



Cerca de 150 familiares, assentados e ativistas de movimentos sociais se reuniram nesta quinta-feira (24) no local onde o casal de extrativistas José Cláudio e Maria do Espírito Santo foi emboscado e morto por pistoleiros há exatamente um ano  numa pequena estrada de chão dentro do Projeto de Assentamento Extrativista Praia Alta Piranheira, no município de Nova Ipixuna (PA). O corpo de José Cláudio caído embaixo de um caju-de-janeiro teve parte da orelha direita arrancada e levada como prêmio pelos assassinos, marca da pistolagem no interior distante da Amazônia brasileira.
- As árvores que têm na Amazônia são minhas irmãs. Eu sou filho da floresta, eu vivo delas, dependo delas, faço parte delas. Quando vejo uma árvore dessas em cima de um caminhão, indo pra serraria, me dá uma dor. É o mesmo que estar vendo um cortejo fúnebre, levando o ente mais querido que você tem, porque é vida, é vida pra mim que vivo na floresta, é vida pra todos vocês que vivem nos centros urbanos. Ela está purificando o ar, dando o retorno pra nós. Mas os desmandos de pessoas que só pensam no capital – pensam só neles, não pensam nas futuras gerações – fazem a destruição.."
O discurso de Zé Cláudio aconteceu diante de uma platéia atenta no Tedx Manaus, pouco antes de encontrar a morte que antevia ali:
-Vivo da floresta, protejo ela de todo jeito, por isso eu vivo com a bala na cabeça a qualquer hora, porque vou pra cima, eu denuncio os madeireiros, carvoeiros. Por isso eles acham que eu não posso existir. Eu posso estar hoje aqui, e daqui há um mês vocês podem ter a notícia que desapareci. Enquanto eu tiver força pra lutar, denunciarei todos aqueles que prejudicam a floresta. A mesma coisa que fizeram no Acre, com Chico Mendes, e em Anapu, com a irmã Dorothy, querem fazer com a gente.
O discurso foi gravado em um memorial posto à beira da estrada, cuja pedra de mármore foi alvejada por um tiro, deixando um buraco que chama a atenção de quem se aproxima para fazer uma reverência aos heróis da floresta tombados durante a luta.
- Eles querem também acabar com a memória de Zé Claudio e Maria. Ainda tem deles soltos, pode ter certeza – diz um dos presentes, sem se identificar.
Um ano depois
Por causa do crime estão presos apenas José Rodrigues Moreira, como mandante, e Lindonjonson Silva e Alberto Lopes, como executores. Uma apelação da defesa dos acusados impediu que o julgamento acontecesse e  não existe previsão de quando acontecerá.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) afirma em nota que "conforme escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, a decisão de mandar assassinar Jose Cláudio e Maria do Espírito Santo não foi tomada apenasr por José Rodrigues. Genivaldo Oliveira Santos, o Gilsão e Gilvan, proprietários de terras no interior do Assentamento Praia ALta Piranheira, também teriam participação no crime. José Rodrigues antes de ser preso, em conversa com seu irmão de nome Dedé, pede que ele pressione os dois a contratar advogados para fazer sua defesa, caso contrário os denunciaria".
Transcrição da conversa
Zé Rodrigues: Eh Dedé.
Dedé: Oi.
Zé Rodrigues: Vê se tu vai na casa de Gilvazin e conversa com ele pessoalmente. Tu fala com ele que ele sabe por que eu to conversando com ele, que ele providencia advogado e bota ai, por que senão vai pegar pra ele também e fala pra GILZÃO também.
Dedé: Hunhu.
Zé Rodrigues: Porque se eu cair sem eu dever culpa nenhuma, se eu cair, eu entrego eles dois.
Dedé: Hunhun.
Zé Rodrigues: Tu conversa com ele pra mim, viu?
Dedé: Tá, pode deixar, eu já tinha falado que ia dar uma pressão em Gil, bacana.
Zé Rodrigues: Pois é, em Gilvan também.
Dedé: É, nos dois.
Zé Rodrigues: Pois é, tu conversa com eles, que eles aciona advogado ai em Marabá, pra botar aí, porque se eu cair sem eu dever culpa nenhuma, igual ele sabe que eu não devo, que o culpado é mais ele, ele Gilvan e Gil, ele se lasca.
Dedé: Pois é, ele tem medo de você contar, que é perigoso até ele colocar gente pra te matar. Eu tô te falando.
Zé Rodrigues: Pois é, eles podem botar até o capeta, que Deus me perdoe por isso, que Jesus me defende.
Dedé: Eu desconfiei no depoimento. Tô tendo quase certeza que, no depoimento de Gil, ele jogou a culpa nas suas costas e saiu fora.
Zé Rodrigues: Pois é, pois ele não jogou fora não, por que sabe que deve.
Dedé: Pois é.
Zé Rodrigues: Ele sabe quem é os culpados nisso tudinho. Ele sabe. E o culpado é o Gilvan, sabe também, é ele, Gilvan…”
Mesmo com esses indícios da participação de Gilvan e Gilsão, a polícia não seguiu com as investigações e os dois, que ao lado de José Rodrigues formariam um "consórcio" com o intuito de por fim à vida de Zé Cláudio e Maria, não foram indiciados e nem denunciados.
Segundo a nota da CPT, após o assassinato de José Cláudio e Maria, o Ibama fez uma fiscalização rigorosa na área. Os fornos de fabricação de carvão foram destruídos e as serrarias de Nova Ipixuna foram fechadas.
O Incra fez um levantamento para identificar a compra ilegal de lotes no interior do assentamento, encontrando várias áreas de reconcentração fundiária – quando alguém compra lotes de assentados para se tornar dono de um grande pedaço de terra, prática ilegal mas muito utilizada por fazendeiros, grileiros e madeireiros na Amazônia – mas não as retomou.
- Nem mesmo os lotes que o mandante do assassinato comprou ilegalmente foram retomados pelo Incra e nenhuma política pública foi implantada dentro do assentamento para melhorar a infraestrutura e a qualidade de vida das famílias. Nenhuma providência também foi tomada para incentivar o extrativismo e a preservação da floresta – denuncia a CPT.

Lágrimas de Laísa
Laísa Santos Sampaio, irmã de Maria, após passar alguns meses fora, voltou a viver no assentamento desde o dia 11 de janeiro deste ano. E vem recebendo diversas ameaças, incluindo um telefonema, além de "alertas" passados por moradores da região de que "ouviram que é melhor ela parar de falar" e intimidações de parentes dos assassinos. Um cachorro da família foi atingido com um tiro durante a noite, no lote em que moram.
Laísa é professora em uma escola municipal dentro do assentamento. A escola atende cerca de 90 estudantes do ensino fundamental. Ela relata episódios em que motoqueiros suspeitos param próximo ao colégio e observam fixamente sua rotina.
Ela tem pedido proteção ao Estado e algumas audiências foram realizadas com o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e com o secretário de Justiça do Estado do Pará, para que Laísa pudesse ser incluída no programa federal de proteção a defensores de direitos humanos. Até o momento nada foi resolvido. Laísa segue vivendo sem segurança.
- Passei sete meses fora daqui e não me encontrei na cidade e voltei pra cá porque foi aqui que escolhi viver. Não matei, não roubei, e eu tenho que continuar minha vida. Voltar sem Maria e Zé Cláudio aqui foi outra parte, talvez a mais massacrante. Mas o que passou a ser forte é que eles estão vivos dentro de mim, em cada castanha que descasco, em cada companheiro que tem uma palavra de defesa e isso fortalece nossa luta – diz Laísa, muito emocionada, durante o ato.
Sem conter as lágrimas, Laísa segura firme o microfone ligado à uma pequena caixa de som alimentada por um gerador improvisado.
- Estamos aqui, continuando com a luta porque faz parte de nós. Fugir disso é omitir a nossa verdade, o que construímos pra nós. Talvez isso custe até nossa vida, mas é digno, é honroso. Eu acho que se você deixar de defender aquilo que é importante pra você a vida perde o sentido.
Lunaé Parracho é jornalista
Fonte: Terra


SABEDORIA INDÍGENA