Vi-te: em teu rosto voluptuoso e
belo
O anjo formoso dos amores vi!
Amor ardente num olhar, num elo
Destes teus olhos divinais senti!
Vi-te: e prendeu o teu esbelto
talhe
O mimo, a graça do teu corpo em
flor.
E esses teus lábios como a flor
de um baile
Que às auras murcham de festivo
amor.
Vi-te: e eras minha ao meu olhar
magnético
E te prendias a fugir de mim!
Fronte de lírios de um candor
angélico
Em um perfume me darás um — sim!
Um sim de envolta àquele olhar
ardente
Luz de teus olhos, divinal
fulgor.
Um sim de envolta àquele rir
demente
Reflexo d’alma a delirar de amor!
Um sim! E ao som do teu falar
suave
À minha voz extinguirei o som
Onde gorjeia uma garganta de ave;
Que vale ao homem da palavra o
dom?
Íntima frase que só nasce d’alma
Terei nos olhos p’ra dizer-t'o
então
E em troca dela p’ra colher a
palma
Do teu amor, anjo terrestre...
não?
Toda poesia de Machado
de Assis.
Org. de Cláudio Murilo Leal.
Rio de Janeiro: Editora
Record, 2008.
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