domingo, fevereiro 24, 2013

NÃO?




Vi-te: em teu rosto voluptuoso e belo

O anjo formoso dos amores vi!

Amor ardente num olhar, num elo

Destes teus olhos divinais senti!



Vi-te: e prendeu o teu esbelto talhe

O mimo, a graça do teu corpo em flor.

E esses teus lábios como a flor de um baile

Que às auras murcham de festivo amor.



Vi-te: e eras minha ao meu olhar magnético

E te prendias a fugir de mim!

Fronte de lírios de um candor angélico

Em um perfume me darás um — sim!



Um sim de envolta àquele olhar ardente

Luz de teus olhos, divinal fulgor.

Um sim de envolta àquele rir demente

Reflexo d’alma a delirar de amor!



Um sim! E ao som do teu falar suave

À minha voz extinguirei o som

Onde gorjeia uma garganta de ave;

Que vale ao homem da palavra o dom?



Íntima frase que só nasce d’alma

Terei nos olhos p’ra dizer-t'o então

E em troca dela p’ra colher a palma

Do teu amor, anjo terrestre... não?



Toda poesia de Machado de Assis. Org. de Cláudio Murilo Leal.
Rio de Janeiro: Editora Record, 2008.



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