Por enquanto, “caminhamos pela
Fé, e não vemos claramente” (2 Cor 5, 7): conhecemos Deus “como que por um
espelho, de maneira confusa, imperfeita” (1 Cor, 13, 12 – CIC §164).
A Fé é Luz de Deus para aquele
que crê, mas quando é vivida na obscuridade, quando não se traduz em prática,
muitas vezes é posta à prova. O mundo em que vivemos muitas vezes parece bem
distante daquilo que a Fé proclama: a experiência do mal e do sofrimento, da
injustiça e da morte parecem contradizer a Boa Nova de Jesus Cristo. As dores e
frustrações da vida podem abalar a Fé e tornarem-se um grande obstáculo. Por
que morremos? Como lidar com a dor da morte, da perda de um ente querido? Como
entender a finitude da vida?
É interessante notar que nós,
ocidentais, estamos habituados a ignorar a realidade da morte. Procuramos
simplesmente não pensar nela, fingindo que ela não existe, como se nunca fosse
chegar para nós ou para as pessoas que nós amamos. Diferentemente dos
orientais, desenvolvemos a cultura de evitar pensar na morte; achamos melhor
ocupar a mente com “coisas boas”, isto é, agradáveis, do que com “coisas ruins”
como a morte. É impressionante como boa parte dos cristãos, mesmo participando
na vida da Igreja, parecem não acreditar realmente na vida depois da morte. Mas
afinal, será que a morte é algo que nós, cristãos, devemos temer? Existe algum
jeito de não sofrer, ou sofrer menos com a morte? Faz sentido “fingir” que algo
tão inevitável quanto a morte simplesmente não existe?
A resposta nua e crua para essas
questões é muito simples: o tanto que sofremos com a morte depende diretamente
da nossa Fé. Ou do quanto a nossa Fé se traduz em realidade, em posturas e
atitudes concretas diante da vida. Aqueles que possuem uma convicção verdadeira
naquilo que prometeu nosso Senhor Jesus Cristo por certo não se entregarão ao
desespero com a partida de um familiar muito amado ou com a perspectiva da
própria morte.
Sentir saudade é uma coisa.
Experimentar dificuldades para lidar com a falta de alguém que foi muito
próximo, e que agora não faz mais parte do nosso convívio, é natural, é humano
e perfeitamente normal. Chorar pode ser saudável. Mas entregar-se ao desespero
é uma prova de falta de Fé.
De fato, seria bem mais sensato
nos prepararmos para a morte, já que ela é inevitável. E como fazer isso?
Preparar-se para a morte não é pensar nela o tempo todo, nem cultivar
pensamentos mórbidos: é viver segundo a Fé cristã católica, para que possamos
ter tranquilidade e a segurança de que seremos mais felizes em nossa próxima
vida do que jamais fomos nesta.
Segundo a Fé cristã, foi o pecado
que incutiu no ser humano o medo de morrer, alterando a sua compreensão da
realidade. Pecado é afastamento de Deus, nosso Sumo Bem. Quem está afastado de
Deus vê a morte simplesmente como o “fim da vida", quando deveria
entendê-la como a feliz passagem para a Plenitude da vida, o cumprimento de um
difícil estágio. Se cremos em Cristo e somos fiéis a Ele, precisamos crer também
que esta vida, neste mundo, é apenas uma “amostra”, uma sombra do que será a
vida eterna em Deus.
A morte é um processo biológico
inevitável, que atinge toda a Criação. Entre as consequências do pecado está o
medo de morrer; para aqueles que tem uma Fé inabalável, a morte é encarada como
a passagem de um mundo de sofrimentos para a plenitude definitiva da vida. Essa
consciência cristã altera profundamente o sentido da vida e a maneira como se
vive.
É necessário, querido cristão
católico, que você recupere o verdadeiro sentido da vida, porque somente assim
você poderá restituir também à morte seu verdadeiro sentido. A morte e
Ressurreição de Cristo, que liberta o homem do pecado, redime a morte do seu
sentido dramático de fim da vida, e volta a dar-lhe o sentido da passagem para
uma vida plena e definitiva. Creia nisto, de fato!
O que acontece conosco depois da
morte é o resultado da nossa escolha pessoal: somos livres para escolher Deus e
o caminho da vida, ou para escolher o egoísmo e a morte. Nosso destino após a
morte indica que Deus é tanto Misericordioso quanto Justo. Enquanto cristãos,
não devemos temer a morte, mas sim nos prepararmos para ela, crescendo em
santidade e lutando a cada dia pela vida eterna.
Jesus disse: “Eu sou a
Ressurreição e a Vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo
aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês nisto?” (João 11, 25-26)
A pergunta de Jesus a Marta é
hoje feita para você, que lê este artigo: Crês nisto? Crês mesmo em Jesus?
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Fonte: Voz da Igreja
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