Uso do celular no trânsito
Checar o e-mail, ler um whatsApp, mandar uma mensagem ou
atender uma ligação mesmo estando dirigindo. Estas são cenas comuns no
trânsito. A maioria das pessoas não se intimida com a multa de R$ 85 e a perda
de quatro pontos na carteira de habilitação que a prática, se flagrada por um
agente de trânsito, pode resultar. Usar o celular enquanto dirige é uma
infração média, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, equivalente a
jogar lixo na rua ou dirigir com o braço para fora da janela. As três infrações,
que resultam na mesma penalidade, levam o motorista a tirar uma das mãos do
volante, assim como fumar ou passar batom.
Todavia o uso do celular é mais grave, segundo o
diretor-geral do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) do
Ministério da Saúde, João Antônio Matheus Guimarães. A prática diminui o arco
reflexo do motorista. “O movimento que o motorista faz sem pensar, de forma
involuntária e rápida”, explica. E que evita muitas colisões. “Usar o celular é
muito mais grave que tirar a mão do volante”, atesta o médico. A lei que
considera usar celular ao volante uma infração de gravidade média é de 1995,
quando os celulares no Brasil eram pouco mais de 4 milhões. Hoje, chegam a 265
milhões e o aparelho é considerado uma epidemia mundial.
A mania de checar o celular a toda hora aumenta em 400% o
risco de acidente, de acordo com uma pesquisa na Universidade de Utah (USA).
Estima-se que mais de 20% dos acidentes de trânsito envolvam o uso do celular.
Todavia, não é possível precisar esse dado porque os motoristas não costumam
revelar a causa do acidente, relata o capitão da Polícia Rodoviária Estadual,
Ricardo Pereira, dificultando uma estatística mais próxima da realidade.
Mandar mensagem quando está dirigindo é ainda mais perigoso,
concluiu outra pesquisa internacional, do Laboratório Britânico de Pesquisas de
Transito. Tem o mesmo efeito no motorista que o álcool ou drogas. Isso porque
desvia o foco de atenção do motorista e ocupa parte de sua capacidade
neurossensorial, explica Guimarães. A chance de colisão aumenta em até 23 vezes
durante a digitação da mensagem, que diminui em 35% as condições de reação do
motorista comprovou a pesquisa. Além de retirar a mão do volante, o motorista
desvia toda a sua atenção para o aparelho.
A infração não é uma das mais importantes no ranking da
Secretaria Municipal de Trânsito Transporte e Mobilidade (SMT); aparece apenas
em sexto lugar. O que não quer dizer que não seja a mais recorrente. De acordo
com o secretário da SMT, José Geraldo Freire, o baixo número de autuações
ocorre porque o uso do celular não é detectado por equipamentos eletrônicos,
como avançar sinal vermelho ou ultrapassar os limites de velocidade. O
motorista precisa ser flagrado pelo agente de trânsito para ser autuado. “Mas
basta ficar dez minutos em uma avenida para ver muito mais motorista usando o
celular que avançando o sinal vermelho”, observa o secretário. Furar o sinal
vermelho foi a terceira causa de autuações em 2013 nas estatísticas da SMT. Os
carros parados em frente ao sinal verde é outro efeito do uso de celular,
afirma o secretário. “É comum o sinal abrir e o motorista estar ocupado
passando ou lendo uma mensagem no celular.”
De acordo com uma pesquisa da Sociedade Brasileira de
Ortopedia e Traumatologia, feita nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo
84% dos motoristas confessaram ter o hábito de dirigir e falar ao celular,
embora todos digam saber que o uso do celular aumenta as chances de acidente.
Nas estradas goianas, o número de autuações por esse motivo aumentou dez vezes
de 2010 a 2013, de acordo com as estatísticas da Polícia Rodoviária Federal.
Mesmo sendo um crescimento significativo, é um número subestimado, segundo o
inspetor Fabrício Rosa. Assim como na cidade, nas rodovias é preciso
testemunhar a infração, já que os equipamentos eletrônicos não registram o ato.
O uso de fones de ouvido para falar ao celular é igualmente
prejudicial, segundo o médico João Matheus Guimarães. Esse comportamento gerou,
no ano passado, 414 multas nas estradas estaduais e, só este ano, 160 pessoas
foram flagradas usando o equipamento.
O alto risco de acidente associado ao uso do celular tem
levado os fabricantes de veículos a alertar os motoristas por meio de campanhas
educativas. A da Volkswagen é veiculada nos cinemas e mostra, em um trailer, a
visão de um motorista acelerando em uma estrada. O público mantém o olhar na
tela até que todos os celulares recebem uma mensagem lembrando para manterem os
olhos na estrada. A Honda dá o recado por meio de uma troca de mensagens entre
um casal na tela do celular. Até que o motorista distraído se acidenta.
A Apple criou um dispositivo que desativa as funções do
celular que distraem o motorista quando ele entra no carro e o Departamento
Nacional de Trânsito criou um aplicativo que manda mensagem a quem ligar ao
condutor, avisando que não pode atender.
Fonte: Portal do Trânsito
Bem pertinente a sua escolha!
ResponderExcluirO facilitismo com que se usa e abusa...é o causador de muito acidente!!! Bj