No espelho, vejo refletido minha
imagem. Há uma mistura de sentimentos morando em meu olhar, num indefinível
jeito de viver, de ser.
A inspiração demente, junta os tons,
os sons, que se misturam numa tonalidade de mil nuances.
De repente, me sinto morar na poesia.
Numa refutação de lembranças, me alieno dos pensamentos. Enquanto adormece no
meu peito, o verso mais gostoso.
O silêncio se perde dentro dos ruídos da
madrugada. Contudo, sinônimos e antônimos se cruzam nas antíteses que rimam a
poética.
Metáforas se aglutinam na fisionomia
irônica da inspiração. Quimeras e devaneios se perdem na vasta amplidão dos
sentidos. As estrofes se agasalham dentro do aconchego das rimas e versos, da
poesia.
No meu estranho jeito de ser, sinto a
poesia florescer e frutificar poemas regados com versos de amor. Enquanto o orvalho segue molhando a saudade,
me perco no encantamento que habita meu coração.
Já não posso mais ser diferente do ser que o amor moldou,
lapidou. Sou apenas eu. Um ser singular feito de pluralidades.
Hoje, o amor ocupa cada um dos meus
espaços. Todo sentimento mora em meu peito. Não consigo ser diferente, o amor
me domou. Tomou as rédeas do meu viver. Inspirou meu jeito de ser.
Toda estranheza do universo me
assusta o olhar. Mas o coração palpita antigos sentimentos. Observo ao redor e
contemplo a beleza do universo. Busco e encontro a inspiração na suave brisa que
passeia acariciando minha pele, numa ritmada manhã.
Ah, esse meu jeito estranho de ser...
Nele quero permanecer e, em cada novo
dia, renascer na companhia e no êxtase ímpar da mais louca poesia, seja em prosa
ou em versos.
O amor sempre morou em mim. Anoiteceu
em meu peito e acordou em meus devaneios sorrindo em forma de rimas, mesmo na
dor da poesia...
Socorro Carvalho
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