sábado, dezembro 29, 2012

AS MÃOS E AS MÃOS


A polpa secreta
 Das tuas mãos
 Espero-a inteira
 Espero-a inteira
 Como frutos à beira
 Da fome de alguém
 Espero-a inteira
 Nesta fome que vem
 Só das tuas para as minhas mãos

Minhas mãos geladas
 Minhas mãos suadas
 Em rebentos de cada esforço
 Descarnadas mãos
 De que já riu a ferrugem das grades

Minhas mãos abertas para que creias
 Mãos suadas e novamente suadas
 Mãos capazes de enxertar veias

A polpa secreta
 Das tuas mãos
 Espero-a inteira inteira

Orlando da Costa

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