É mais um dia sem você...
Da janela, de onde estou, vejo
o movimento de tudo que se passa na rua, daqui vejo carros e pessoas que vão e vem, numa pressa
absurda, não sei aonde vão neste cenário de um transito louco e agitado. E
nessa velocidade do tempo a vida vai seguindo seu curso, indiferente ao meu olhar . A paisagem nublada traz nostalgia e saudade.
O tempo passa apressado,
as horas se vão e em cada uma delas aumenta o vazio e a solidão, dentro de mim.
Da janela, vejo o céu, nuvens
escuras nublam o cenário do meu olhar, e
ao longe vejo uma chuva indecisa
que não vem...
Estou com saudades...
Então, dispo-me da cultura da MPB e dos conceitos intelectuais e visto-me de sertanejo e ao fundo ouço Bruno e Marrone. Eles cantam e realçam essa saudade imensa, quase infinda, em meu coração.
Hoje...
Que se dane o
intelecto de Gil, Caetano, Buarque, Betânia, Gal, Neruda, Drummond, Quintana. Não. Hoje, não quero sonetos imortais, não quero versos, nem estrofes
prontas, só quero mesmo é sentir , da forma mais simples, a vasta embriaguez desse amor natural nascido em minhas
entranhas...
Em cada música, uma vontade louca de fugir, embarcar nas ilusões e nessa viagem
quem sabe te encontrar ou talvez me livrar dessa solidão que sinto na ausência desse amor que me acorrenta, me prende e feito visgo
está grudado aqui na minha pele e dentro do meu coração...
Nada tem sentido. Tudo ao meu redor está indiferente. Ignoro tudo e cada voz, mesmo conhecida, me parece um som
desconhecido. Tento interpretar as palavras, mas nada entendo. Cada frase me soa cheia de incógnitas indecifráveis. E só
consigo entender essa falta que me
consome. As pessoas conhecidas se tornam estranhas e sinto-me
perdida dentro do desconhecido,
desprovida de tua presença e teu sorriso.
Neste momento só queria era me
embriagar na bebida de tua fonte, agora tão distante, e nessa embriaguez matar essa sede que não tem
fim. Minha intrépida loucura se faz desejo ardente e saliente se faz chama, que chama por você. Onde está você, meu amor?
Preciso te achar, antes que a minha poesia enlouqueça, sem ter você, aqui...
Bruno e Marrone continuam cantando. Brega, eu? Jamais. Sou humana e as vezes me permito o direito de emudecer meu eu lírico e me
deixar ser eu mesmo, sem máscaras, metáforas e
utopias... Oh, saudade danada... Que não passa. Que faço eu?
Socorro Carvalho
Santarém,08.01.2013